domingo, julho 23, 2006

APRESENTANDO UM SEMINÁRIO ACADÊMICO

O QUE NÃO DEVEMOS FAZER?

Embora não seja eu um especialista no assunto “seminários acadêmicos”, procuro observar bastante as apresentações dos colegas em sala de aula, e passei a notar que alguns erros são extremamente recorrentes. Considerando que, especialmente para o curso de Pedagogia, a desenvoltura à frente de uma sala de aula é requisito importantíssimo na formação do profissional e na qualidade do seu trabalho, venho aqui citar os erros mais comuns para que possamos interpretar suas causas e conseqüências, e, quem sabe, superá-los com mais facilidade.
1º Erro:
- Acontece com muita freqüência, é quando o aluno fala “desculpa eu estou nervoso...” : esta fala vem, invariavelmente, após algum esquecimento, gagueira ou algo parecido. Agora pense bem, quando você está nervoso, todos irão notar, não precisa falar, e caso as pessoas ainda não tenham notado, notarão a partir daí. Além disto, nervosismo é próprio de quem não está dominando o assunto, pois jamais você irá ficar nervoso se estiver falando, por exemplo, da sua vida, já que ninguém domina melhor este assunto que você mesmo. Falando que está nervoso, você estará dando ao professor o motivo que ele precisa para baixar a sua nota.
2º Erro:
- As “lacunas mudas”: é horrível, um aluno está falando, e quando termina seu texto, sai de cena correndo, sem anunciar o próximo aluno que irá falar, dá uma sensação que ele está escapando de uma guilhotina. Acontece em praticamente todas as equipes. Portanto, ao acabar o seu texto, anuncie o próximo colega que irá falar, e, se possível, anuncie também o assunto dele.
3º Erro:
- O “segmentário”: neste caso, apesar da apresentação ser em equipe, o aluno inicia ou conclui sua fala com uma das seguintes frases:
- a minha parte é.... ; ou – eu fiquei com tal parte...; ou ainda - essa foi a minha parte.
Agora vejamos, estas frases indicam que você tem bem pouco, ou nenhum compromisso com a parte dos outros, ou seja, com o assunto como um todo. Em lugar destas frases, é preferível dizer:
- eu vou falar sobre...; ou – continuando o assunto, vamos falar agora de....
4º Erro:
- O “remendo”: este também é horrível, é quando o aluno termina a sua fala e fica interrompendo a fala dos colegas que falam em seguida, para dizer coisas que esqueceu de dizer quando expôs o seu assunto. Em primeiro lugar é falta de ética, pois interrompe a fala do colega, abordando um assunto que, cronologicamente já passou, e em segundo, demonstra que ele não tem nenhum compromisso com o grupo, está apenas preocupado com aquilo que ele teria a dizer. Além disto, um seminário não tem a obrigação de falar todos os detalhes de um determinado assunto, pois, normalmente, os assuntos abordados são longos e complexos, e o detalhismo contribui apenas para tornar a aula enfadonha e dificultar a assimilação do assunto por parte dos colegas. Para evitar esta gafe, quando terminar a sua fala, apenas abra a boca para responder questionamentos que forem feitos em relação ao assunto exposto por você.
5º Erro:
- Ficar olhando para o professor: quando você está apresentando um assunto, o professor é você, esqueça que existe um professor na sala, caso você deixe de falar alguma coisa importante, ou fale algo errado, não tenha dúvidas de que o professor irá interromper a sua fala. Além do mais, olhando para o professor você muitas vezes causa um constrangimento duplo, primeiro para o professor, que se sente acuado e fica só balançando a cabeça, segundo para os alunos, que sentem que estão lá só para fazer número, uma vez que sua intenção não é passar o assunto para eles, e sim obter a nota dada pelo professor. Olhando para o professor, muitas vezes dá a impressão que o aluno está pedindo desculpas pelas bobagens que está falando. Para evitar esta gafe, você deve fixar seu olhar em algo ou alguém que te passe confiança, e ponha-se a falar sobre o assunto, você adquire confiança em si mesmo e atenção dos alunos.
6º Erro:
- Ler para a turma o material indicado pelo professor: Este é constrangedor, o aluno não se dá o trabalho sequer de fazer um resumo, começa a ler o material que o professor indicou, muitas vezes durante a própria leitura é possível notar que ele ainda não havia lido o texto. Uma vez uma colega falou algo muito interessante quando aconteceu uma gafe destas na sala, ela disse “se é pra ler, eu leio em casa..” e saiu da sala. Portanto, não leia, porém se é o seu único recurso, faça ao menos um resumo.
7º Erro:
- Corrigir o colega que está falando: mesmo que você seja o Papa do assunto, e que seu colega não saiba nem o que está falando, não o interrompa, sobretudo para corrigi-lo, isto demonstra uma falta de sintonia na equipe, e tira a credibilidade na fala do colega. Você pode estar pensando: ”mas o desempenho dele vai influenciar na minha nota, no caso da nota ser dada por equipe..”, eu concordo com seu pensamento, nesse caso só há uma coisa a ser feita, nunca mais fique na mesma equipe que ele.
8º Erro:
- Perguntar ao professor, “não é professor?”: já falei que durante a apresentação do seminário, o professor é você. Não pague este mico, até porque, normalmente, o professor não responde a sua pergunta mesmo.


Pois bem pessoal, esses são apenas alguns erros, porém, caso você tenha outros a relatar, é só colocar nos comentários que eu vou inserindo. Aquele abraço.

sexta-feira, julho 07, 2006

EDUCAÇÃO É A SOLUÇÃO


Muitos são os questionamentos feitos pela opinião pública em torno de qual seria a solução para a situação caótica que se encontra a segurança pública nos dias de hoje. É por demais cansativo escutar discursos de especialistas e "pseudo-especialistas" que, volta e meia, apontam para a melhoria da educação como uma das soluções para o problema, no entanto, não são apresentadas propostas concretas, e nada de prático é feito, o máximo que vemos são ações isoladas de abnegados profissionais de educação que, aqui e ali, nos quatro cantos deste imenso país conseguem modificar um pouco a realidade à sua volta, às custas de muito esforço e sem contar praticamente com nenhum apoio do poder público. Pois bem, venho modestamente apresentar a minha análise da situação e a minha, digamos assim, "proposta":
Baseado no conceito de estrutura de Lévi-Strauss, considero que as instituições hoje em dia já não têm a mesma configuração que tinham há 50 anos atrás, entre elas, a principal instituição de socialização do ser humano, a família. O que nos deparamos na realidade atual não é a perda dos valores da família, mas sim a transformação desses valores. Hoje em dia, um pai já não representa para o filho, o mesmo que representava há 30 ou 40 anos atrás, com isso, o indivíduo(sobretudo das camadas menos favorecidas) já sai do seio da família sem carregar consigo, conceitos básicos de respeito ao próximo, ao superior e à própria vida, e tem ainda essas distorções alimentadas ao longo de sua vida, pela televisão, que mostra, sem critérios, exemplos tristes, como o caso da garota rica que planejou a morte dos pais, que não queriam autorizar o seu namoro.
Considerando estas observações, podemos concluir que a família(de uma forma geral) já não tem a força necessária para dar ao indivíduo a formação mínima que ele deveria ter ao ingressar no convívio social mais amplo. O que acontece então é a transferência desta responsabilidade para a escola, que, infelizmente, na maioria das vezes, não está preparada para corresponder a estas expectativas, ainda mais porque enfrenta uma concorrência desleal em termos de horário, ou seja, enquanto a escola permanece com o aluno durante cerca de quatro horas por dia, a família(com todas as distorções comportamentais que vemos) fica com a criança durante as vinte horas restantes, incluindo o horário da televisão. Qual a minha proposta então? A proposta é justamente (além da providência que já foi tomada, de antecipar o ingresso das crianças na escola pública) aumentar o período de permanência do aluno na escola, baseado em um projeto pedagógico bem elaborado, afastando-o do convívio nocivo, dos maus exemplos, da ociosidade, e aproveitando esse tempo extra para incentivar a prática de esportes. Quero ressaltar no entanto, que, obviamente, o convívio com a família é extremamente edificante para a formação da personalidade das pessoas, entretanto, o excesso acaba por fazer com que a criança assimile valores negativos intrínsecos da sociedade atual, como a disputa desenfreada pelo poder, a falta de respeito mútua, a banalização da violência, a perda dos valores morais ligados à sexualidade, etc. Todos estes aspectos facilitados através da televisão, nos horários mais impróprios possíveis. Sei que não estou aqui falando de uma estratégia mirabolante, nem de uma incrível novidade, porém, uma vez que, nada de novo é posto em prática e não se vislumbra nenhuma perspectiva de diminuição dos níveis de violência mesmo que a médio ou longo prazo, sinto-me bem à vontade para expressar minha idéia, e convocar todas as pessoas da sociedade para defender esta bandeira, assim como todas aquelas bandeiras em que elas realmente acreditem, pois já está mais do que comprovado que, a situação de caos que o Brasil vive, dentro das mais diversas áreas, jamais será revertida se dependermos apenas dos nossos políticos, uma vez que, a maioria deles está muito ocupada com outros assuntos como: mensalão, fraudar licitações, transferir dinheiro para o exterior ilegalmente, etc...

segunda-feira, julho 03, 2006

ELA É DEMAIS!

Quando ingressei no curso de Pedagogia da UFPE, logo na primeira aula, o professor iniciou perguntando a cada um dos alunos: - "qual o motivo da escolha por Pedagogia?" ; lembro que a maioria das respostas era movida puramente por ideologia, como por exemplo: - Acho que posso fazer alguma coisa para melhorar a situação da educação no Brasil....; ou - quero ajudar a mudar a cara da educação pública no Brasil...; etc. Naquele momento eu me coloquei a pensar: - onde se perde a ideologia? em que ponto da trajetória dos profissionais da educação morrem os sonhos? a dura realidade diária aniquila todas as expectativas de trabalhar em busca da qualidade total?
Desde então, passei a analisar as características dos professores que passavam pela minha turma, e às vezes questionava se eles um dia já não deram respostas iguais às que eu ouvi. No entanto, entre a teoria e a prática, existe uma distância muito grande, e eu não identificava em nenhum daqueles professores características que me levassem a vê-los como ex-jovens alunos sonhadores. A regra do: "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço", é muito presente na relação professor/aluno. Então, como pode um professor ensinar um aluno a ser bom professor se ele mesmo não é? Bem, na verdade não é sobre isso que quero falar, minha intenção é falar da exceção que comprova a regra, falar de uma professora que poderia ter como lema: "faça o que eu digo, e faça o que eu faço". Consegui finalmente encontrar uma daquelas jovens alunas sonhadoras que, mesmo depois de se estabelecer profissionalmente, continua firme no propósito de dedicar-se inteiramente à busca da qualidade total na educação. É inacreditável como ela parece se alimentar de cada resposta correta dos alunos, como ela consegue transformar a decepção de uma resposta incorreta em um estímulo para tentar mais uma vez, como é possível sentir prazer nos seus olhos e nas suas atitudes em plena segunda-feira às 08:00 Hs. Buscar mesmo aqueles alunos que já parecem longe do ritmo da maioria, e mais que isso, fazer com que o aluno sinta prazer em estar dentro de uma sala de aula em pleno sábado de sol com cara de feriado, são tarefas que só podem ser cumpridas se forem alimentadas com o estímulo do exemplo, não adianta falar uma coisa e fazer o contrário, é necessário estabelecer uma relação com o aluno que faça com que ele sinta vergonha de não corresponder às expectativas do professor, fazer com que ele se doe totalmente na confecção de uma tarefa sem buscar unicamente a recompensa da nota, mas sim buscando mostrar à sua professora que todo o esforço dela não foi em vão. Pessoas assim fazem com que possamos acreditar na força do trabalho, na conquista dos nossos objetivos, na vitória através da dedicação, e na transformação do mundo por meio da educação.
Este texto é humildemente dedicado à Professora Ana Márcia Luna Monteiro, do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais, do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco.
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