quarta-feira, julho 30, 2008

O Direito e o direito

Possivelmente o curso de Direito seja hoje, dentre todos os cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior do Brasil, aquele que mais atrai a atenção e a cobiça de nossos jovens postulantes a uma vaga universitária. Altos salários, possibilidade de alcançar uma carreira na magistratura e todo o fascínio que a atividade jurídica exerce sobre as pessoas são alguns dos fatores que levam a altos índices de concorrência nos mais diversos vestibulares espalhados pelo país, bem como à multiplicação das vagas em cursos oferecidos por inúmeras instituições particulares de ensino superior.
Certamente que é encantadora a carreira jurídica, porém, o que efetivamente me incomoda dentro deste contexto são as demonstrações quase que diárias de total falta de compromisso com a verdade que apresentam alguns “profissionais” do Direito. Quem não viu, por exemplo, a ridícula e deprimente cena proporcionada por um jovem advogado do casal Nardoni, quando apareceu em todas as emissoras de tv interpretando a fala da pobre menina Isabella (pára, papai, pára....), buscando defender o indefensável, em um desespero quase que patético. Diariamente podemos ver poderosos advogados criminalistas acompanhando seus igualmente poderosos clientes corruptos usurpadores do dinheiro alheio, em ações de apreensão da gloriosa Polícia Federal, aliás, aí está uma possibilidade de aplicação do diploma do curso de Direito em uma situação benéfica à sociedade, como delegado da Polícia Federal.
Preocupa-me então o que pensam nossos futuros advogados, nossos jovens universitários que vêem esses nefastos exemplos de desrespeito aos valores e à inteligência alheia, sim, pois alguns chegam a gozar da pouca inteligência da opinião pública, afirmando que seus inocentes clientes nada fizeram senão aquilo que reza as regras do direito, embora as incontestes provas teimem em enfatizar o contrário. Gostaria de saber o que sente um dos senhores advogados após libertar um criminoso notadamente culpado graças a brechas deixadas em nossa legislação sabe-se lá com que intenções. Respondam-me senhores advogados poderosos, como se sentem ao libertar um miserável que estuprou uma criança? Como conseguem os senhores olhar para suas filhas? Como encaram sua família após aparecer em um noticiário defendendo um corrupto que desviou milhões de dinheiro público para bem próprio? Como se sente sabendo que seus honorários serão pagos com o dinheiro que deveria servir para matar a fome de crianças em creches e pré-escolas, para comprar ambulâncias, para contratar médicos? Pergunto eu, não seriam os senhores cúmplices daqueles uma vez que estão tornando perfeito os crimes cometidos por eles, fato que sem a valorosa ajuda dos senhores não seria possível? E mais senhores, que valores estão os senhores transmitindo a seus filhos? De que por dinheiro tudo vale à pena? Sinceramente, tenho nojo de tanta hipocrisia, seus milhões não me servem, não compram a tranquilidade de dormir de bem com a minha consciência, de olhar para a minha filha e saber que minha honestidade jamais me possibilitaria ajudar a inocentar alguém que se passe para fazer mal a uma criança por mais que isso possa parecer rentável financeiramente. Apelo aos jovens alunos dos cursos de Direito, nossos futuros advogados, promotores e juízes, para que possam refletir e pautar suas formações em valores éticos e dignos, para que possam exercer com maestria suas futuras profissões apontando sempre seus esforços na direção do bem social, da proteção dos menos favorecidos e da fé em Deus, cuja justiça, essa sim, é infalível e para todos.
  • Assine meu Livro
  • Site de busca
  • Comprar