sexta-feira, outubro 12, 2007

ELA É DEMAIS!

Quando ingressei no curso de Pedagogia da UFPE, logo na primeira aula, o professor iniciou perguntando a cada um dos alunos: - "qual o motivo da escolha por Pedagogia?" ; lembro que a maioria das respostas era movida puramente por ideologia, como por exemplo: - Acho que posso fazer alguma coisa para melhorar a situação da educação no Brasil....; ou - quero ajudar a mudar a cara da educação pública no Brasil...; etc. Naquele momento eu me coloquei a pensar: - onde se perde a ideologia? em que ponto da trajetória dos profissionais da educação morrem os sonhos? a dura realidade diária aniquila todas as expectativas de trabalhar em busca da qualidade total?
Desde então, passei a analisar as características dos professores que passavam pela minha turma, e às vezes questionava se eles um dia já não deram respostas iguais às que eu ouvi. No entanto, entre a teoria e a prática, existe uma distância muito grande, e eu não identificava em nenhum daqueles professores características que me levassem a vê-los como ex-jovens alunos sonhadores. A regra do: "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço", é muito presente na relação professor/aluno. Então, como pode um professor ensinar um aluno a ser bom professor se ele mesmo não é? Bem, na verdade não é sobre isso que quero falar, minha intenção é falar da exceção que comprova a regra, falar de uma professora que poderia ter como lema: "faça o que eu digo, e faça o que eu faço". Consegui finalmente encontrar uma daquelas jovens alunas sonhadoras que, mesmo depois de se estabelecer profissionalmente, continua firme no propósito de dedicar-se inteiramente à busca da qualidade total na educação. É inacreditável como ela parece se alimentar de cada resposta correta dos alunos, como ela consegue transformar a decepção de uma resposta incorreta em um estímulo para tentar mais uma vez, como é possível sentir prazer nos seus olhos e nas suas atitudes em plena segunda-feira às 08:00 Hs. Buscar mesmo aqueles alunos que já parecem longe do ritmo da maioria, e mais que isso, fazer com que o aluno sinta prazer em estar dentro de uma sala de aula em pleno sábado de sol com cara de feriado, são tarefas que só podem ser cumpridas se forem alimentadas com o estímulo do exemplo, não adianta falar uma coisa e fazer o contrário, é necessário estabelecer uma relação com o aluno que faça com que ele sinta vergonha de não corresponder às expectativas do professor, fazer com que ele se doe totalmente na confecção de uma tarefa sem buscar unicamente a recompensa da nota, mas sim buscando mostrar à sua professora que todo o esforço dela não foi em vão. Pessoas assim fazem com que possamos acreditar na força do trabalho, na conquista dos nossos objetivos, na vitória através da dedicação, e na transformação do mundo por meio da educação.
Este texto é humildemente dedicado à Professora Ana Márcia Luna Monteiro, do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais, do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco.

1 Comments:

Blogger Mayza Toledo said...

Ontem foi aniversário dela!!! Acreditem que esta linda mulher existe!

11:52 AM  

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