sexta-feira, julho 02, 2010

CONTRA OS "BAD BOYS" NO FUTEBOL

A eliminação da Seleção Brasileira de futebol da Copa do Mundo 2010 no jogo contra a Holanda teve como protagonista (negativamente falando) o jogador Felipe Melo. O descontrole demonstrado pelo atleta não é algo incomum na história do nosso futebol, alguns outros jogadores ao longo do tempo já se mostraram instáveis emocionalmente e com surtos de "Bad Boy", mas alguns casos recentes devem ser melhor analisados para que seja feita uma reflexão do momento e uma busca das causas de tais males atingirem os nossos atletas.
É bem verdade que, pelas próprias características, o futebol não é exatamente um esporte para cavalheiros, as emoções à flor da pele impedem muitas vezes que as ações sejam extremamente racionais. Entretanto, a pressão exercida sobre os jogadores desde o início de sua formação pode estar contribuindo para que as atitudes dos atletas dentro e fora de campo sejam muitas vezes semelhantes às de marginais.
Sabemos que o glamour e os altos salários dos atletas estimulam muitos pais a investirem em seus filhos, na intenção de que o futuro lhes reserve uma boa aposentadoria. Muitas vezes a cobrança desenfreada que decorre da esperança dos pais não leva em conta os limites dos próprios filhos, não consideram a possibilidade de sues filhos serem infelizes mesmo com a possibilidade de atingirem o profissionalismo esportivo um dia. Os treinadores de escolinhas, por sua vez, encurralados pela pressão dos pais e limitados pela própria ignorância pedagógica, tentam tirar leite de pedra, buscando fazer aquilo que se fazia na idade média, tratar as crianças como adultos em miniatura. As crianças e os jovens ficam então cercados por pessoas insanas que não priorizam o bem estar e a felicidade deles e seguem seus martírios entre vitórias e derrotas. Ao final, alguns atingirão o profissionalismo, milhares não. Que resquícios sobrarão a estes que não contemplaram a expectativa de seus pais? pais que muitas vezes até estão apenas tentando fazer com que seus filhos tenham uma vida melhor do que a que lhes foi oferecida, e nessa busca ignoram o principal requisito de uma vida de sucesso, a felicidade.
E aqueles que atingiram o profissionalismo? será que os anos de opressão e de cobranças para tirar deles o melhor possível no esporte não lhes trarão sequelas? O caso do jogador Adriano (ex-Flamengo) é um exemplo daquilo que devemos trabalhar para que não aconteça com nossos futuros atletas, um jogador que rapidamente atingiu a fama e a fortuna mas não encontrou felicidade. Frustrado, abriu mão de altas cifras para se abrigar junto a traficantes, acreditando serem estes seus verdadeiros amigos, não sabe ele que, se não tivesse atingido o sucesso poderia ter sido morto pelos próprios traficantes como acontece com vários moradores dos morros cariocas. E o Vagner Love? filmado em um baile funk em meio a armas e drogas. E o caso do goleiro Bruno? ele matou ou não matou a garota? curiosamente todos os casos se referem a jogadores do Flamengo do Rio de Janeiro, mas são apenas os de maior repercussão, certamente outros em igual ou menor intensidade acontecem por todo o nosso país.
É necessário, senhoras e senhores, que paremos para analisar, que estudemos nossos jovens todos os dias, para não criarmos um exército de adultos frustrados. Criança tem que brincar, ser feliz, sem responsabilidades de adultos, apenas com a responsabilidade de aprender o que é certo e o que é errado, aprender a ser um vencedor na vida, não só no esporte. E você pai e mãe vai querer a todo custo que seu filho seja um atleta profissional? cuidado ele pode ser.


domingo, fevereiro 07, 2010

A ARTE IMITA A VIDA OU A VIDA IMITA A ARTE?

A novela "viver a vida", atração global das 20 horas, nos leva a uma reflexão acerca do quadro atual da sociedade brasileira: A vida imita a arte ou a arte imita a vida? atentem para o fato de os casais existentes na novela não transmitirem nenhum valor ligado ao amor verdadeiro e à fidelidade. Pelo contrário, os casos de traição ocorrem sistematicamente em todos os capítulos da trama. Isso sem falar de casos de filhos que discutem com os pais, famílias em pé de guerra, entre outros. Daí vem a reflexão: estaria a nossa querida TV Globo retratando em suas novelas a realidade de um povo pouco afeto à fidelidade conjugal ou, pelo contrário, a poderosa empresa de comunicação está assim incentivando e banalizando um procedimento condenável segundo o ponto de vista ético e de valores cristãos consagrados? muitas vezes em suas reportagens a TV Globo passa uma imagem ilibada  de conduta ética inquestionável, mas basta terminar o Jornal Nacional para começar a baixaria. Pensemos no assunto.

quinta-feira, julho 30, 2009

SEJA UM OTIMISTA

"Aquilo que o pessimista chama de solidão, o otimista chama de liberdade".
RV33

sábado, junho 13, 2009

Orientação educacional: perspectivas e impasses

Determinantes sociais na construção das carreiras escolares
A desproporcionalidade sócio-econômica que permeia a existência da sociedade moderna é refletida no conjunto micro social da escola de tal forma que a construção das carreiras escolares dos diferentes indivíduos é envolta em uma malha de fatores que tornam-se fundamentais para determinar trajetórias, sucessos e fracassos. Nesse conjunto de fatores, situações diversas configuram-se como determinantes sociais, elementos causadores e justificadores de uma ou outra escolha, que por sua vez determinarão não só o rumo da carreira escolar do indivíduo, mas também de toda a sua história de vida profissional e pessoal.
No início da civilização do homem, o modo de sobrevivência não possibilitava a criação de grupos diferenciados socialmente, conforme afirma Silvio Bock. Pois o trabalho manual era exercido por todos, porém com pequena diferenciação nas tarefas devido às características físicas específicas de homens, mulheres e crianças. Com o passar do tempo e a evolução de diversas sociedades, surgiu a divisão dos povos em classes sociais, e com ela a construção de valores diversos que tornariam uns indivíduos cada vez mais diferentes de outros de classes distintas segundo a visão geral. Esses valores seriam fundamentais para originar na sociedade atual a diferenciação das possibilidades de cada um perante o cenário escolar e profissional que o aguarda.
A partir do momento em que se passou a valorizar o conceito de capital humano (década de 60 do século XX), conforme nos diz Saviani, a educação passou a ser entendida como decisiva para o desenvolvimento econômico de uma nação e, segundo os críticos, funcional ao sistema capitalista, uma vez que prepara a mão-de-obra a ser utilizada nas indústrias e paralelamente colabora para a conservação das diferenças sociais existentes entre os detentores do modo de produção e os da força de trabalho. Analogamente, dentro do sistema escolar, essa manutenção das diferenças se traduz em desigualdade de oportunidades e possibilidades, o que irá determinar o rumo da carreira escolar e as chances de sucesso que o aluno terá ao longo de sua trajetória educacional.
A popularização (“democratização”) do acesso à escola surgiu apenas como uma necessidade funcional do capitalismo e uma ferramenta a serviço do chamado Estado Mínimo, em que são oferecidas aos menos favorecidos compensações sociais para, supostamente, favorecer-lhes em função das injustas condições de sobrevivência que lhe são impostas pelo seu posicionamento na distribuição social vigente.
Pierre Bourdieu aponta para uma possível “inércia cultural” como motivo da continuidade da crença em uma escola libertadora, capaz de propiciar uma pretensa mobilidade social aos menos favorecidos. Ao contrário, para o autor, a escola é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois legitima as desigualdades sociais, sancionando a herança cultural, tratando o dom social como dom natural.
O conceito de herança cultural retrata fielmente a influência que tem na carreira escolar do aluno a bagagem acumulada não só por ele próprio diante das possibilidades e da realidade de sua criação, mas sobretudo da estrutura familiar à qual o mesmo pertence, da história dos seus antepassados e do somatório de pontos positivos e negativos armazenados segundo os valores que determinam a condição social de alguém de acordo com a visão moderna da sociedade.
Em termos práticos, fatores como: nível de escolaridade dos pais, nivel de renda familiar, bairro onde mora, boa alimentação, acesso a escolas de boa qualidade e possibilidade de participação em diferentes atividades educacionais extra curriculares, dentre outros, formam um arcabouço social que necessariamente diferencia uns e outros, impedindo que perfis sejam absolutamente idênticos, o que por si só já desvela uma suposta igualdade de oportunidades.
Diante desse quadro, a orientação educacional encontra-se restrita a avaliar os diferentes aspectos que configuram o perfil do aluno e buscar uma adequação de tal perfil à realidade da formação escolar disponível para o mesmo, procurando otimizar a relação realidade/possibilidade no intuito de fornecer uma direção para o normalmente desnorteado aluno de origem humilde, ao mesmo tempo que se pergunta (a orientação educacional) se realmente está colaborando para a formação do aluno, ou se está apenas ratificando o papel de conservação social da escola e de manutenção de uma paz social forjada no sacrifício de muitos para sustento dos benefícios de poucos.

sábado, maio 16, 2009

É NECESSÁRIO INVERTER A LÓGICA PERVERSA DA ESCOLA ATUAL

Ao fazer uma análise criteriosa das práticas educativas que acontecem de norte a sul de nosso país, sobretudo nas escolas públicas, poderemos constatar um fenômeno que se repete em muitas das salas de aula brasileiras, a lógica perversa que impele o professor a forçar, praticamente obrigar, o aluno a querer estudar, quando na verdade, o interesse deveria ser do próprio aluno.
Quem leciona em escolas públicas, principalmente nas periferias das grandes cidades, já deve ter se deparado com a situação de alguns alunos que entram em sala de aula com expressões fechadas, carrancudas, nitidamente tentando intimidar o professor, fazer com que o docente não o indague, não cobre dele uma postura de aluno, de estudante. É um rascunho do que se passa nos lares de tais alunos, que perderam totalmente o respeito pelos pais e buscam fazer com que a intimidação do professor os livre de cobranças como os livra dos castigos paternos. Uma violência simbólica que atormenta a vida do bom professor, daquele que ainda acredita no poder do ensino como facilitador de uma nova prática social.
Para o Pedagogo Fábio Ferreira, a escola hoje abarca funções muito diferentes daquelas que realmente deveriam ser competência da instituição escolar. Acionar os Conselhos tutelares, tratar da violência de muitos alunos, acionar a polícia e (o pior) prestar esclarecimentos ao Ministério Público sobre acontecimentos envolvendo alunos que não têm nenhum compromisso com a educação são algumas das funções que nada têm haver com a formação do educador, e para as quais os mesmos não estão preparados.
Outra consequência danosa desta lógica é que os alunos que realmente querem estudar são prejudicados pelos que nada querem, pois o momento seguinte à entrada carrancuda e mal-educada é a prática da conversa paralela, do desrespeito para com o trabalho do professsor, que muitas vezes se abstem de pôr para fora de sala um aluno com tais características por puro medo de represálias, ao invés disso, prefere levar a aula até o fim aos trancos e barrancos, ao custo da elevação do tom de voz para poder se fazer ouvir pelos alunos interessados e assim cumprir o seu horário de aula da maneira que lhe é possível.
É necessário que se separe o joio do trigo, que se instalem cada vez mais centros de excelência em educação para abarcar aqueles alunos que realmente têm interesse naquilo que a escola pode lhe oferecer. E os demais alunos? esses devem ser tratados da maneira como necessitam, precisam de profissionais de outras áreas, tais como psicológos, psicanalistas, policiais, conselheiros tutelares e até profissionais do Ministério Público, entidade que deveria se fazer presente no dia-a-dia da escola para ajudar, apoiar, e não apenas para buscar culpabilidade de professores e dirigentes escolares que já vivem em situação de degradação moral por conta de uma má conduta social de jovens de famílias desestruturadas que terminam por realimentar o ciclo vicioso que virou uma bola de neve, que fatalmente irá engolir a sociedade um dia caso algo não seja feito agora.

quinta-feira, maio 14, 2009

ESTATUTO DA (DES) IGUALDADE RACIAL

É absurdo por cima de absurdo. Agora temos em foco nas manchetes de nossos telejornais um dito "Estatuto da Igualdade Racial", uma coisa abominável, que nasce do revanchismo de alguns militantes que se apoiam em benefícios próprios a curto prazo e se negam a enxergar a grotesca realidade futura que podem estar impondo à vida social no Brasil, país que hoje goza de prestígio internacional pela democracia racial que impera desde o início do século passado.
É necessário reconhecer que alguns filhos da miséria atual são fruto de uma segregação que ocorreu no passado de nosso país. Mas legitimar a separação racial baseado em um argumento histórico que não mais existe nos dias atuais é acionar o estopim de uma guerra silenciosa, que fatalmente irá gerar sequelas por várias das gerações que se seguem.
O que precisamos que seja feito de fato no Brasil é um estatuto de cunho SOCIAL, que leve em consideração a condição sócio-econômica de nossa população carente, aí sim, muito prejudicada por um apartheid tácito histórico, que relegou a estes um lugar de menosprezo na nossa sociedade, não considerando exclusivamente a cor da pele, mas sim e unicamente as dificuldades que esse povo tem de viver dignamente. Um estatuto que lhes dê o direito a uma cidadania plena, a ser beneficiado pelos governos na aquisição de condições mais humanas e possibilitadoras de mudança social e o direito básico a fazer parte da vida social em sua plenitude.

sábado, abril 18, 2009

O ENEM A SERVIÇO DA DESIGUALDADE NACIONAL

Mais um absurdo à vista. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) agora vai servir para alimentar a desigualdade existente entre as regiões brasileiras. A proposta do Ministério da Educação é que o aluno possa concorrer com a mesma nota para cinco universidades diferentes, ou seja, um aluno que hoje não consegue aprovação em uma universidade de uma região onde os níveis de estudo são mais avançados e o ensino médio mais bem estruturado poderá tomar legalmente a vaga de estudantes já prejudicados pela estrutura deficitária do ensino em sua região. O que vai acontecer com isso é que muitos alunos vão migrar para estados onde a concorrência por uma vaga universitária seja menor e tomarão assim o lugar dos moradores destas regiões. Quando acabar o curso, o forasteiro vai embora e o estado continuará sem os profissionais formados em sua própria universidade. Além de proclamar a perda da esperança de alunos, que sofreram durante toda a sua formação, de atingir uma redenção com uma formação em uma universidade federal, essa medida cria a possibilidade de originar uma espécie de xenofobia (aversão a estrangeiros), pois certamente haverá uma repulsa dos moradores locais em relação aos forasteiros que vêm ocupar as vagas dos filhos da terra.
Se hoje as pequenas cidades do interior da região norte já sofrem com as dificuldades para preencher vagas de funcionários em nível superior, como médicos e engenheiros, imagine agora que a tendência será de muitos alunos de outros locais formarem-se e retornarem a seus estados de origem. Diante disso, coclamamos os diretórios regionais de estudantes a protestarem, pois é o futuro de estados menos desenvolvidos que estará em jogo.
Essa é mais uma ação para beneficiar os poderosos, pois, não tenham dúvidas, serão os filhinhos de papai mais desinteressados com os estudos que preencherão tais vagas, e assim papai pagará toda a sua estadia durante a realização do curso, pois pai pobre não tem condições de manter filho em outro estado durante quatro ou cinco anos. E o Ministério da Educação que vinha trabalhando até bem, atua agora na contramão do desenvolvimento nacional, resta saber o interesse que há por trás de tudo isso.

domingo, abril 12, 2009

COMO SE CARACTERIZA O DESENVOLVIMENTO PSICO-AFETIVO

COMO SE CARACTERIZA O DESENVOLVIMENTO PSICO-AFETIVO SEGUNDO A PERSPECTIVA PSICANALÍTICA
INTRODUÇÃO

Ao longo da existência da humanidade, algumas moléstias que acometiam as pessoas não puderam ser explicadas no plano médico funcional do corpo humano, a partir daí os estudos da mente e suas relações com estas moléstias foram aprofundados, revelando então uma consistente ligação entre corpo e mente. A evolução destes estudos durante a história levaram alguns médicos psiquiatras a elaborar teorias que consideravam a ocorrência na vida do paciente de eventos traumáticos que, estando armazenados em sua mente, poderiam ser a causa de sintomas surgidos sem motivo aparente, particularmente chamados de histeria. Com destaque dentro desse cenário, o médico vienense Joseph Breuer realizou o tratamento da paciente denominada Ana O. que veio a ser o primeiro caso clínico tratado pelo modelo que daria origem à psicanálise. Este método, que ficou conhecido como Método Catártico, consistia em retomar recordações traumáticas passadas, para, a partir daí, eliminar os sintomas de histeria apresentados pelos pacientes. Também as experiências com sugestão pós-hipnótica de Bernheim, onde o paciente hipnotizado recebe a sugestão de agir de determinada forma após o transe e assim o faz, e a descoberta de Charcot, de que durante a hipnose as manifestações dos sintomas histéricos poderiam ser eliminadas temporariamente, contribuíram de forma substancial para o início da elaboração da Teoria da Psicanálise de Freud. Teoria esta cujas características e peculiaridades serão objeto de nosso estudo nas páginas seguintes e que procura explicar o funcionamento da mente humana a partir da descoberta da existência de níveis consciente e inconsciente, das suas relações com os desejos instintivos e com as informações provenientes das experiências vividas, e consolida-se na definição das fases do desenvolvimento, caracterizando estas fases, analisando a importância delas para a formação da personalidade do indivíduo e os sintomas relacionados com distúrbios dentro de cada uma das fases.
COMO SE CARACTERIZA O DESENVOLVIMENTO PSICO-AFETIVO
SEGUNDO A PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

A teoria psicanalítica elaborada por Sigmund Freud, partiu de informações colhidas em experiências anteriores de outros médicos de sua época. Porém, Freud aprofundou-se de tal maneira no estudo da mente humana que foi reconhecido pela história como o “Pai da Psicanálise”, sendo até os dias de hoje apontado como referência no assunto nos mais diversos cantos do mundo. No entanto, para chegarmos a um entendimento da teoria psicanalítica, é necessário inicialmente entendermos as características do modelo topológico e a evolução dos estudos que levaram até a elaboração do modelo psicanalítico como é hoje conhecido.

O MODELO TOPOLÓGICO

A partir dos estudos anteriores e baseado no Determinismo Psíquico que o levou a afirmar que “nada ocorre ao acaso, e muito menos os processos mentais”, Freud definiu, dentro do modelo topológico, que a mente humana apresenta três processos distintos de armazenamento e utilização das informações acumuladas ao longo da experiência de vida de cada indivíduo, seriam eles: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. Ele acreditava que haveria sempre uma causa, consciente ou inconsciente, para cada evento mental ocorrido, mesmo aqueles que não apresentavam causa aparente, sendo a explicação destes últimos o objetivo principal de seus estudos.
Consciente
O consciente é dos três processos, aquele que nos parece mais simples e familiar, pois pode ser definido como o processo que nos apresenta tudo aquilo de que estamos cientes em um determinado momento, ou seja, é a porção da mente humana que armazena as informações que estão disponíveis em um instante qualquer. Como exemplo podemos citar a realidade de um aluno dentro de uma sala de aula, ele tem plena noção de que está em uma sala de aula, de quem ele é, de quem são os colegas mais próximos, etc. Portanto, tais informações estão em sua consciência naquele momento. O estudo do consciente não era, no entanto, o principal interesse de Freud, já que sua atenção estava mais voltada para as áreas da mente denominadas por ele: pré-consciente e inconsciente.
Pré-consciente
Diferentemente do processo consciente, o pré-consciente não acumula informações disponíveis na mente humana em um determinado instante, porém, embora seja uma parte do inconsciente, pode tornar-se consciente a qualquer momento que for necessário. Pode ser exemplificado pelas informações simples para nós como os nomes de parentes e amigos ou alguma matéria estudada na escola ou ainda uma infinidade de outras informações que mesmo não estando constantemente em nossos pensamentos, podem ser acessadas e recordadas sem muitas dificuldades sempre que for necessário.
Inconsciente
Instância mais complexa do funcionamento da mente humana segundo este modelo, pois é constituído geralmente de recordações que causaram algum trauma ao indivíduo, por esta razão tais informações são armazenadas em um nível mais profundo da mente, para que não venha a causar desconforto ao mesmo. Um caso de violência sexual contra uma criança, por exemplo, pode constituir-se em um fato traumático cuja lembrança lhe trará muita dor durante toda a vida, para evitar que tais lembranças permaneçam no nível consciente da mente, estas informações são armazenadas no Inconsciente.
Segundo Freud, para que as informações traumáticas sejam transferidas do consciente para o inconsciente e para que lá permaneçam, é necessário que atuem sobre elas duas forças mentais chamadas: Repressão e Resistência.
- Repressão
A idéia de que a recordação de um fato traumático para o indivíduo seria levada do nível consciente para o inconsciente da mente levou Freud a identificar uma força responsável por esta tarefa. Esta força foi denominada Repressão, e sua função é justamente transportar para o inconsciente as informações derivadas de um fato traumático que levariam o indivíduo a sofrer com uma dor de intensidade quase que insuportável caso permanecessem no nível consciente da mente. Este mecanismo de defesa no entanto é responsável apenas pela retirada da informação do nível consciente e consequente transporte para o nível inconsciente, sendo necessário então um outro mecanismo para garantir que a mesma não retorne ao nível da consciência. A este outro mecanismo Freud deu o nome de Resistência.


- Resistência
A partir da descoberta do inconsciente, Freud passa a tentar entender o porquê de serem mantidas em um nível mais profundo da mente, informações tão importantes para o indivíduo, e chega à conclusão de que somente uma força muito grande poderia fazer com que estas informações traumáticas não viessem ao nível consciente da mente humana. A essa força Freud deu o nome de Resistência, que teria a função de manter a recordação traumática em nível inconsciente para que não venha a causar incômodo ao indivíduo, e sendo sua intensidade maior à medida que maior seria a dor causada pela recordação destes fatos.

AS ESTRUTURAS DINÂMICAS DA PERSONALIDADE

Motivado por muitos questionamentos surgidos a partir da elaboração dos conceitos de consciente e inconsciente, Freud avança em seus estudos, e por volta de 1920 o modelo topológico é substituído pelo modelo dinâmico da estruturação da personalidade. Este modelo procura explicar as causas do comportamento humano a partir da interação entre três processos psicanalíticos denominados por Freud: Id, Ego e Superego.

O Id
O Id é o componente instintivo da mente humana, ele é constituído a partir de características inatas do indivíduo, acumula energias que serão utilizadas na busca da satisfação das necessidades do organismo(princípio do prazer), desde as mais básicas, como saciar a fome e a sede, até as mais complexas, como os desejos de natureza sexual, não respeitando em seus anseios os limites das regras de conduta estabelecidas pela sociedade.
Para satisfação dos seus desejos, o organismo necessita inicialmente gerar a imagem de um objeto que corresponda para ele à satisfação daquele desejo. A partir dessa imagem, o Id irá canalizar suas energias em busca de conseguir o referido objeto. Freud deu o nome de “processo primário” a esse sistema de gerar a imagem de acordo com a necessidade. “O melhor exemplo do processo primário em pessoas normais é o sonho noturno que, para Freud, representa sempre a satisfação ou a tentativa de satisfação de um desejo”(Hall, C. e Lindzey, G., 1984, p. 27).
Freud destaca dentre as energias do Id, as de natureza sexual como as mais importantes, sendo a libido a energia afetiva que mobiliza o indivíduo na busca do prazer.

Outras características do Id:
Podemos destacar ainda dentre as características do Id:
- O fato do mesmo ser “atemporal”, ou seja, não há uma ordem cronológica definida, só o presente existe para ele.
- “Todas as coisas são possíveis ao nível do Id”(Rappaport, C.R.; Fiori,W.R. e Davis C., 1981, p. 10). Essa afirmação indica a inexistência do princípio da não-contradição, ou seja, uma vez que não tem compromisso com a realidade, o Id pode gerar desejos ilógicos, como nos sonhos, quando podemos nos ver dentro d’água sem estarmos molhados, por exemplo.
- O processo de condensação permite que, dentro de uma só imagem gerada possam ser encontradas características pertencentes a vários desejos por satisfazer. Processo este que é mais freqüentemente encontrado no sonho.
- O deslocamento permite que as características de uma figura possam ser transferidas para outra em que não causem um desconforto à mente.


O Ego
É a instância do pensamento do homem que está ligada diretamente à realidade que o cerca, convive com as regras impostas pelo meio e é responsável por adequar as ações do indivíduo às normas sociais vigentes. Origina-se a partir do Id, utilizando-se de sua energia para funcionar, decorre da necessidade de levar ao nível da realidade os desejos instintivos, buscando os objetos que irão saciar os anseios inconscientes.
No Ego dá-se o “processo secundário”, que seria a ação responsável por buscar um meio de satisfazer os instintos do Id através do “princípio da realidade”, que seria justamente a ação dentro do plano real. Uma vez satisfeito o desejo emanado do Id, ocorre a redução da tensão mental originada com o início do processo. Ao Ego cabe também a função de organizar a personalidade do indivíduo, procurando adequar os anseios do Id às restrições impostas pelo Superego.
Outras características do Ego:
Como destaque dentre suas características podemos citar ainda:
- Para a execução do processo secundário utiliza-se do “domínio da motilidade”, ou seja, utiliza-se desse domínio para colocar no plano real os processos iniciados no Id; coordena as ações do corpo.
- Possui a capacidade de síntese, que abarca as funções da memória e do raciocínio lógico.
- Constitui-se na “sede da angústia”, uma vez que é a instância do pensamento que tem contato direto com o mundo real. Essa angústia pode ser classificada em:
1) Angústia real – consiste no medo de algum perigo real potencialmente ofensivo para o indivíduo. Pode ser exemplificado como o temor de uma agressão física ou de um assalto.
2) Angústia neurótica – pode ser definida como o receio existente no Ego de que os desejos do Id ultrapassem os limites do inconsciente e venham a se manifestar na prática sem que ele, o Ego, consiga controlá-los.
3) Angústia moral – É a angústia causada pela ação excessiva do Superego, que condena os desejos originados no Id fazendo com que se desenvolva no Ego um sentimento de culpa mesmo que a ação não tenha sido levada à prática no plano da realidade.



O Superego
É o responsável por agregar à mente os valores morais impostos pela sociedade da qual o indivíduo é parte constitutiva, ou seja, o Superego é a parte da mente humana que assimila os princípios que são entendidos como corretos pelo senso comum, é o grande censor dos desejos oriundos do Id, e irá orientar o Ego em relação àquilo que deve ou não ser feito diante das diversas situações do cotidiano.
O Superego divide-se em duas partes, a primeira chamada de Ego Ideal agrega os valores tidos como corretos, os ideais estabelecidos na sociedade da qual o indivíduo faz parte e os quais o mesmo deverá sempre buscar, a segunda é a Consciência Moral, ela é responsável pela incorporação das proibições existentes dentro do convívio social estabelecido.


Mecanismos de defesa
Para evitar que a recordação de alguns eventos traumáticos chegue até o nível consciente da mente, existem alguns mecanismos de defesa, sendo o mais importante dentre eles a Repressão, que já foi definido anteriormente, e do qual originam-se todos os demais. São eles: Divisão ou cisão, Negação ou negação da realidade, Projeção, Racionalização, Formação reativa, Identificação, Regressão, Isolamento, Deslocamento e Sublimação.


A DINÂMICA DA PERSONALIDADE

Analisando o funcionamento em conjunto dos três componentes psicanalíticos, teríamos o Id mobilizando suas pulsões gerando um desejo que precisa ser saciado, esse desejo deve ser levado ao Ego para que ele possa providenciar as ações que irão fazer com que o indivíduo obtenha o elemento que saciará tal desejo. Porém, para chegar ao Ego, o desejo terá antes de ser avaliado pelo Superego, caso esteja dentro dos limites morais incorporados pelo indivíduo à partir dos princípios sociais do grupo do qual faz parte, então será repassado ao Ego para as ações provedoras das necessidades do Id, no entanto, caso esse desejo esteja fora dos conceitos morais internalizados pelo Superego, haverá por parte desse último, um processo de rejeição que levará o desejo para uma região da mente responsável pelo armazenamento de tais desejos chamada inconsciente, com a finalidade de proteger o indivíduo de uma possível dor que seria causada pela pressão contínua do Id em busca da satisfação do seu desejo. Faz-se necessário citar que a existência desse processo de rejeição impede que o desejo chegue até o nível consciente da mente, contudo, constitui-se a partir daí, uma luta contínua entre a pulsão do Id para levar o desejo ao Ego, e a força repressora representada pelo Superego. Nessa luta contínua, Freud identificou a origem de fenômenos psíquicos como os sonhos, os atos falhos, a sublimação e as neuroses, que serviriam como forma de aliviar sensivelmente as pressões do Id sobre o Superego.




FASES DO DESENVOLVIMENTO

A partir da definição de libido como uma energia voltada para obtenção de prazer, e do entendimento de que o desenvolvimento da personalidade está diretamente ligado ao desenvolvimento da sexualidade, podemos considerar a distribuição das fases do desenvolvimento humano da seguinte forma:
- “Ao organizar-se progressivamente em torno de zonas erógenas definidas, a libido caracterizará três fases de desenvolvimento infantil: a fase oral, a fase anal e a fase fálica, um período intermediário sem novas organizações, o período de latência, e uma fase final da organização adulta, a fase genital”(Rappaport, C.R.; Fiori, W. R. e Davis C., 1981, p. 34 )

Dentro de cada uma das fases do desenvolvimento infantil podem ser observadas uma fantasia básica e uma modalidade de relação com o objeto. A sexualidade infantil vai do nascimento até os 6 anos de idade, que seria uma sexualidade pré-genital, não objetivando o relacionamento através dos genitais.
É importante destacar que as fases não são apenas períodos sucessivos independentes um do outro, mas na verdade são processos sobrepostos um ao outro à medida que a idade avança.

Fase oral
É caracterizada pela fixação da zona erógena na boca da criança, mais especificamente nos lábios e na língua, é a fase onde todos os objetos são levados à boca onde são avaliados e provados, é a maneira que a criança encontra de interagir com o mundo e identificar elementos que não fazem parte dela, pois neste período não há obviamente uma completa percepção do mundo como um todo, a criança então vê o mundo como o “eu” e o “não eu”. Há nesse período a primeira e mais importante ligação afetiva estabelecida, o da boca do bebê com o seio materno, assim inicia-se o processo de relacionamentos envolvendo amor e ódio da vida humana. Nessa fase ocorre a modalidade incorporativa, que faz com que a criança sinta a mãe dentro de si a partir do contato com o seio e consequente ingestão do leite materno.
Na verdade, a fase oral constitui a mais importante na vida humana, pois sendo a primeira das fases, será nela o primeiro contato com o mundo, e a partir do corte do cordão umbilical inicia-se um processo irreversível de descobertas e experiências em prol da existência em busca da perpetuação, objetivo final da vida.

Fase anal
A característica principal desta fase é a fixação da zona erógena no anus da criança, mais precisamente nos dejetos produzidos pelo bebê, o cocô e o xixi, que apresentam para ele uma nova relação com o “não eu”, uma relação na qual ele pode negar ou ceder um produto seu para o meio exterior. É nesse período que o bebê começa a andar e a falar, isto fará com que ele agora veja o mundo de pé, consistindo isso em uma grande conquista até então. A fala também consiste em um produto do bebê, o qual ele poderá ceder ou negar ao meio externo.
As modalidades de relação com o objeto nesta fase são a projeção e o controle. A projeção constitui-se quando os produtos são cedidos ao meio exterior com o domínio da criança. E o controle acontece quando ela descobre que pode reter seu produto e liberá-lo quando tiver vontade.


Fase fálica
Nesta fase, a criança fixa suas atenções nos órgãos genitais, mais precisamente no pênis, sendo caracterizado o menino como aquele que possui pênis, e a menina como aquela que não possui. É comum neste período, as crianças fazerem analogia dos sexos masculino e feminino com seres inanimados como cadeiras ou mesas, indagando-se qual seria o sexo de cada um deles, isso por que a zona erógena organizada em torno do genital, levará a criança a organizar em sua mente os modelos de relação homem/mulher.
Esta fase apresenta duas etapas distintas, a primeira chamada Narcísica, onde a criança fará o reconhecimento do seu sexo e das diferenças existentes entre os sexos, a segunda chamada Edípica, onde o complexo de Édipo se estabelece na vida da criança, ou seja, o menino ficará dividido entre o amor que sente pela mãe, já que ela será a primeira imagem feminina que ele identificará, e o sentimento de rancor dedicado ao pai que lhe toma o objeto do desejo que é a mãe. No entanto, ele disputa com o pai o afeto da mãe e identifica no pai a imagem de homem que ele deve seguir. São os sentimentos de amor e ódio que perdurarão por toda a sua existência porém com outros focos. Com a menina ocorre o inverso.
A repressão do Complexo de Édipo ocorre a partir do temor que o menino sofre da castração, pois ele reconhece no pai, um adversário muito mais forte, que poderá arrancar-lhe o pênis, e este medo faz com que ele desista do amor da mãe, fortalecendo assim a formação do seu Superego, através da identificação com os padrões morais obedecidos pelo pai.


Período de latência
Com o fim das fases do desenvolvimento infantil por volta dos 06 anos de idade, inicia-se o período de latência, onde ocorrerá a inibição da energia sexual e com isto não haverá uma zona erógena definida, ao passo que toda a energia é canalizada para outras atividades, através do processo de sublimação. Freud citou inclusive que nas diferentes culturas, este período coincide com o início das atividades escolares, e atribuiu isto ao fato da canalização das energias, que tornaria este período ideal para o desenvolvimento intelectual e para o aprendizado de novas atividades.
A latência no entanto não é absoluta, existirão neste período, algumas manifestações de caráter erótico, sobretudo do meio para o final do período onde ocorrem as atividades masturbatórias. Haverá neste período, a formação dos ideais éticos, estéticos, da moral e da vergonha.


Fase genital
Acontece quando o adulto atinge o pleno desenvolvimento psicossexual. Nessa fase, ocorre a quebra do ideal representado pelos pais durante a infância, ou seja, novos modelos de pessoas ideais surgirão na vida da pessoa. A partir daí serão formados os desejos sexuais propriamente ditos, que terão como objetivo a satisfação através do ato sexual. A interação com os diferentes grupos sociais desenvolverão um sentimento altruísta, em substituição ao narcisismo. A reprodução será a principal função biológica do estágio genital.




CONSIDERAÇÕES INDIVIDUAIS

Após o estudo de toda sistemática da teoria psicanalítica, podemos considerar que trata-se certamente do mais importante instrumento de análise do funcionamento da mente humana de que o homem dispõe. Um estudo deste nível de um sistema tão complexo não poderia ser feito senão com a obstinação de um apaixonado pelo assunto e a dedicação de uma vida inteira de trabalho. Sem dúvida para nós torna-se quase impossível resgatar hoje o vazio inicial que deve ter se apresentado a Freud, embora tenha ele partido de experiências anteriores de outros médicos, o fato de imaginar a existência de níveis consciente e inconsciente da mente em uma época em que as bases científicas não eram tão sólidas e sobretudo em um assunto tão pouco esclarecido, seria tão improvável quanto a própria repercussão que atingiu a obra durante estas décadas que se passaram desde a sua elaboração. A idealização dos constructos psicanalíticos, a identificação de suas funções dentro do mecanismo mental, os processos de interação entre os mesmos e a importância das experiências passadas dentro desse sistema, com certeza foram informações inseridas em um fascinante universo abstrato no qual Freud foi aos poucos montando um quebra-cabeça com pequenos dados obtidos a partir da análise de seus pacientes, culminando com a consolidação do seu trabalho na definição das fases do desenvolvimento.
Hoje se apresentam para nós tais informações de uma forma que induz quase que a certeza da sua veracidade, no entanto os estudos da mente humana ainda estão evoluindo, e com os avanços tecnológicos ocorridos na recente história da humanidade, podemos nos deparar a qualquer hora com uma nova revelação que poderá mudar os conceitos estabelecidos por Freud, no entanto, a história jamais poderá negar que tudo aquilo que se estabelecer após a teoria psicanalítica será inevitavelmente derivado da obra deste, que foi, sem dúvida alguma, o grande mestre na arte de analisar aquilo que o ser humano tem de mais enigmático, o funcionamento de sua mente.
Para tecermos considerações individuais a cerca da teoria psicanalítica, faz-se necessário a análise passo a passo da evolução dos conceitos da psicanálise e a sua inevitável comparação com as informações decorrentes da nossa experiência de vida e do nosso entendimento das características de comportamento apresentadas de uma forma geral durante o desenvolvimento afetivo das pessoas.
Iniciando a análise pelo modelo topológico, podemos considerar os conceitos de consciente, pré-consciente e inconsciente como sendo procedentes dentro do ponto de vista da associação com aquilo que podemos assimilar do funcionamento da mente humana de maneira empírica, pois para nós a idéia de um nível consciente da mente parece fato inconteste, embora cientificamente, ou biologicamente, não possamos ter uma certeza concreta disto, mas a própria maneira de agirmos, de nos expressarmos, nos leva a crer que temos absoluto controle sobre a maioria de nossos atos e de nossos pensamentos. A maioria, eu disse, pois algumas vezes parecemos tomados por forças maiores que nosso consciente, e terminamos por realizar atos para os quais não encontramos explicações lógicas dentro da nossa maneira corriqueira de pensar e de agir, tais atos nos levam a uma reflexão em busca das razões de sua execução, e continuando a nossa analogia com o modelo topológico, encontramos base a partir da idéia do inconsciente, que seria a instância mental responsável pelo armazenamento das informações que uma vez percebendo uma motivação procedente, irá desencadear um processo que levará o nosso corpo a agir de determinada forma sem que para isso tenhamos comandado tal ação conscientemente.
Encontramos uma exemplificação perfeita dos processos pré-consciente e inconsciente, na observação de um fato que certamente acontece com qualquer pessoa normal, é a associação de cheiros a fases passadas da vida ou a determinados lugares em que estivemos. Quantas vezes não nos pegamos inalando, com extrema vontade, algum odor que emana do ambiente em que estamos? Não raras vezes este odor nos remete a lembranças de fatos passados em nossa vida que não nos dávamos conta que estavam em nossa memória, e o que dizer da sensação de bem-estar que acompanha tal odor, muitas vezes sequer conseguimos associar o cheiro ao fato, mas a sensação de bem-estar é incontrolável. Isto ao meu ver só pode ser explicado a partir da existência de um nível não consciente do pensamento.
A análise das estruturas dinâmicas da personalidade, no entanto, requer de nós uma maior solidariedade às idéias de Freud, pois não parece tão clara assim a existência dos três processos identificados por ele (Id, Ego e Superego). Porém, também não é fácil negar a existência dos mesmos, ou ainda provar que eles não existem. Sendo assim, cabe a nós aceitarmos ou não, mesmo com restrições, as idéias apresentadas por Freud.
No caso do Id, a existência de componentes instintivos no comportamento humano parece mais nítida, pois eles podem ser associados a anseios básicos como a fome e a sede. No entanto, associar as energias emanadas do Id às de natureza sexual essencialmente, é focar demasiadamente um aspecto do relacionamento humano em detrimento de outros que são apresentados com menos ou nenhuma ênfase em seu trabalho.
O Ego é apresentado como o nível consciente da mente, é aquele que sistematiza o processo de obtenção do objeto que irá saciar o desejo proveniente do Id. Ora, uma vez que já concordamos com a existência de um nível consciente da mente humana a partir do modelo topológico, a idéia de Ego é bastante plausível, e reitera todas as afirmações e analogias feitas quando da análise do modelo topológico, tornando-se de certa forma o conteúdo do modelo dinâmico mais facilmente identificado no plano real da vida humana.
Analisar o Superego é, sobretudo, considerar a existência de uma instância ou processo mental exclusivamente dedicado à incorporação das regras de conduta da sociedade, que irá avaliar a natureza dos desejos emanados do Id e poderá permitir o acesso dos mesmos até o Ego, ou negar este acesso e enviá-los para um nível inconsciente onde os mesmos ficarão forçosamente, buscando ainda a sua chegada ao Ego. Entretanto, podemos questionar a existência exclusivamente inconsciente deste processo, pois muitos desejos que temos e buscamos reprimir, certamente chegam ao nível consciente de nossa mente como podemos avaliar no plano real da vida, sendo assim a idéia da existência do Superego é pertinente, mas a sua natureza inconsciente é ao meu ver questionável.
Por fim chegamos às considerações a cerca das fases do desenvolvimento, onde mais uma vez a obra Freudiana é voltada sobretudo para uma análise a partir das energias de natureza sexual. As formações das zonas erógenas nas três fases do desenvolvimento infantil, a repressão da energia sexual no período latente que sofrerá um processo de sublimação que proporcionará o uso produtivo às vistas da sociedade de tais energias, e a fase genital onde os mitos serão desfeitos e o indivíduo tornar-se-á adulto, dão um enfoque relacionado diretamente à pulsão sexual do indivíduo, o que, como já citei pode valorizar mais esta área e esquecer, de certa forma, de outros vínculos sentimentais que unem as pessoas. No entanto, esse é apenas um questionamento a ser feito que, de maneira alguma tira da obra a relação de associação com os fatos ocorridos na vida humana que podem ser observados e posteriormente encontrarem explicação na teoria da psicanálise, comprovando a condição desta teoria de principal instrumento de análise da mente humana existente até hoje.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:




Cunha, Marcus Vinicius da. Psicologia da educação, 3ª edição, Rio de janeiro: D P & A, 2003.

Fadiman, j. e Frager, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1979.


Hall, Calvin e Lindzey, Gardner. Teorias da Personalidade. São Paulo: E.P.U., 1984.

Rappaport, C. R. ; Fiori, W. R. e Davis C. Teorias do Desenvolvimento : Conceitos Fundamentais, São Paulo: E.P.U., 1981.

terça-feira, março 10, 2009

DICAS DA REFORMA ORTOGRÁFICA

Trema – desaparece em todas as palavras
Antes:
Freqüente, lingüiça, agüentar
Depois:
Frequente, linguiça, aguentar

* Fica o acento em nomes como Müller

Acentuação 1 – some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte)
Antes:
Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia
Depois:
Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte)

Acentuação 2 – some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas
Antes:
Baiúca, bocaiúva, feiúra
Depois:
Baiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí

Acentuação 3 – some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos)
Antes:
Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos
Depois:
Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos

Acentuação 4 – some o acento diferencial
Antes:
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa
Depois:
Para, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo

Acentuação 5 – some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar
Antes:
Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você
Depois:
Averigue, apazigue, ele argui, enxague você

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas

Hífen – veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:

Prefixos: Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...
Usa hífen:
Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel
Não usa hífen:
Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom


Prefixos:Hiper, inter, super
Usa hífen:
Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional
Não usa hífen:
Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico


Prefixo: Sub
Usa hífen:
Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano
Não usa hífen:
Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor


Prefixo: Vice
Usa hífen:
Sempre: vice-rei, vice-presidente

Prefixos: Pan, circum
Usa hífen:
Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar
Não usa hífen:
Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão


Fonte: professor Sérgio Nogueira

terça-feira, janeiro 27, 2009

POBRE POR DENTRO, POBRE POR FORA

Quando falamos em pobreza, sem dúvida alguma, o que vem à nossa mente de imediato é a pobreza material, aquela pobreza que se evidencia diante dos incontáveis quadros de miséria humana que vemos quase que diariamente em nossos noticiários de tv ou em nossos trajetos rotineiros. A esse pobre, dou o nome de POBRE POR FORA, aquele que ainda não atingiu um patamar mínimo de condição material para viver uma vida digna. Mas o que venho aqui ressaltar é algo mais profundo, algo que ultrapassa os limites da percepção visual. O POBRE POR DENTRO muitas vezes se apresenta em roupas de grife, em carros importados, ou mesmo em trajes simples. Essa pobreza não distingue classes sociais, raça, sexo ou etnia, ela pode se dar em qualquer meio, pode se expressar em qualquer ambiente, embora alguns (como o trânsito, por exemplo) sejam mais propícios à sua aparição. O POBRE POR DENTRO possui uma pobreza de espírito, ele é aquele que busca sempre se dar bem em detrimento dos outros, aquele que nunca está preocupado com o próximo nem com as consequências de seus atos, que consegue enxergar unicamente a si mesmo, que não respeita regras de convivência por não ter nenhum compromisso com o bem estar alheio, é aquele que desmerece uma amizade antiga em pról do dinheiro, aquele que não respeita o próximo no trânsito, nas filas e em nenhum outro lugar de convivência humana, enfim, um lixo de pessoa que não faz jus à dádiva da vida que lhe foi dada por Deus. Para "pessoas" como estas, solidariedade, amizade, amor, próximo, bondade, respeito e compaixão, não passam de meras palavras. É necessário que cada um de nós faça uma reflexão sobre nossa ação diariamente, buscarmos os pontos nos quais podemos melhorar, lembrarmos de fazer bem ao próximo e nos despirmos de um egoísmo insano, que só o mal traz como retorno para as nossas vidas.

sábado, dezembro 06, 2008

DEPOIS É O ALUNO QUE NÃO QUER NADA

Imaginem a cena:
Em uma turma concluinte do curso de Pedagogia de uma Universidade Federal, dois alunos apresentam um seminário acadêmico quando entra na sala uma outra aluna carregando seu bebê recém-nascido. A professora não tem dúvidas, assim que a aluna adentra a sala e tira toda a atenção do trabalho que está sendo apresentado, ela (a professora) fala para a dupla que apresenta o seminário: "Acaba logo isso aí que eu quero pegar nesse bebê!"
Agora reflitam comigo:
1. Se não tinha importância o assunto que estava sendo apresentado, porque então a professora deu aos alunos o trabalho de pesquisar, se preparar e apresentar?
2. O que uma aluna faz dentro da sala de aula de uma Universidade com um bebê recém-nascido(diga-se de passagem, uma outra pessoa veio trazer o bebê para ela)?
3. Para que serve um título de doutorado se a professora não demonstra o mínimo de ética e respeito para com os seus alunos?
4. Que pedagogo está sendo formado em uma Universidade como esta?
5. Qual a prática deste pedagogo no futuro, visto que ao menos um de seus formadores tem uma atitude como esta?
Depois fica um blá, blá, blá sobre discriminação(que realmente existe) com o curso de pedagogia, depois se critica a falta de reconhecimento do trabalho do professor, etc...
Felizmente, casos como o citado não são regra (também pudera), até porque, a maioria dos professores tem muito respeito com a produção dos alunos, mas no fim das contas, com atitudes como esta, sempre quem perde é a educação.

GRANDES PEQUENAS COISAS

Que bela campanha essa que está sendo feita para ajudar as vítimas das chuvas em Santa Catarina. Penso eu ...e se nós fizéssemos uma campanha assim o ano inteiro para ajudar aqueles que convivem ininterruptamente com a miséria (como sonhou Betinho)?
"Quem vence nunca desiste, quem desiste nunca vence"
"O vencedor topa qualquer parada. O perdedor pára em qualquer topada"
"Curta a vida, pois a vida é curta"
"Algumas pessoas se alimentam de amor, outras de dor"
"Não deixe que o ontem nem o amanhã atrapalhem o seu hoje, pois o ontem já passou, e o amanhã ainda não chegou"
"Nunca maltrate alguém quando estiveres subindo, pois poderás encontrá-lo quando estiveres descendo"
"Não adianta ir à igreja, rezar e fazer tudo errado"
"Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi"
"Viva cada dia de sua vida como se fosse o último, pois um dia vai ser"

segunda-feira, outubro 20, 2008

DO TRABALHO EM "EQUIPE"

Equipe, segundo a definição do dicionário Aurélio, é o conjunto ou grupo de pessoas que se aplicam a uma tarefa ou trabalho. Porém, quando tratamos de trabalhos acadêmicos, é necessário repensar tal definição. Talvez seja algo já afeto ao próprio ser humano, ou talvez seja uma inerente condição existente em qualquer grupo social, mas o fato é que o aluno que se "escora" nos colegas é algo intrínseco às equipes que se formam em quase todas as turmas de escolares onde quer que ela exista. É inacreditável a cara de pau de alguns integrantes de equipes que não se dão ao trabalho de sequer procurar os demais componentes para participar da divisão de tarefas, ou coisa que o valha. Custo a acreditar em coisas que vejo na academia, sobretudo em se tratando de um curso de Pedagogia, onde o discurso é algo extremamente correto e impoluto, e o pior é que tais alunos caminham lado a lado com você, passam de período a período sendo aprovado nas mais diversas disciplinas sempre na base da Lei do Menor Esforço, enquanto isso, o aluno compromissado com a qualidade de sua produção se vê obrigado a carregar nas costas essa espécie parasitária, até porque, se depender do sangue-suga, o trabalho nem sai, aliás, o tal aluno tem sempre uma estratégia para ludibriar o professor, que muitas vezes parece ser cumplíce do facínora, de tão permissivo que é. Nesses casos, devo confessar, sou vítima rotineira, não me permito entregar uma porcaria qualquer a título de trabalho acadêmico simplesmente para obtenção de uma nota para aprovação, tenho a necessidade de produzir algo de qualidade, e infelizmente, para isso, tenho de trazer comigo algumas criaturas das quais gostaria muito de manter distância, porém, na intenção de diminuir seu trabalho de correção e avaliação, muitos professores optam por agregar quatro, cinco, até oito alunos por grupo, mesmo sabendo eles que quanto maior o grupo, menor a quantidade de tarefas, e maior a possibilidade de ocorrer uma divisão injusta de funções na equipe. Mesmo me sentindo um absoluto idiota, faço questão de exemplificar algumas situações que aconteceram comigo durante o curso de Pedagogia na UFPE:
- certa vez, como sempre aliás, centralizei as atividades de uma equipe que deveria produzir um trabalho acadêmico para ser entregue em uma segunda-feira. Pois bem, passei a sexta, o sábado e o domingo trancado sistematizando o trabalho até a impressão para entrega na segunda, quando chego na sala, uma das componentes da equipe está com um bronze de surfista e comentando com as colegas que havia passado todo o fim de semana em uma praia, e ainda fez questão de contar detalhes, para que o idiota ouvisse. Resultado, tiramos dez eu, ela e todo o grupo;
- outra vez, uma aluna que não havia feito absolutamente nada no trabalho, chegou no dia da entrega, pegou o trabalho já impresso, dirigiu-se à cantina, comprou um lanche com refrigerante e passou a ler o trabalho, sujando toda a produção com restos de comida e respingos de refrigerante, não tive nem coragem de ir lá buscar, pedi para que outra pessoa o fizesse, pois meus instintos animais já estavam exacerbados e prontos a se manifestarem;
- uma outra situação aconteceu quando entreguei um trabalho que fiz absolutamente sozinho, mas que deveria ser confeccionado por uma equipe, fui obrigado a colocar o nome de várias pessoas, mas um aluno que eu sequer conhecia foi chamado por um outro que já tinha o nome digitado no trabalho, mas como eu não digitei o nome deste novo elemento e já havia entregue o trabalho, o mesmo não se incomodou de ir até a professora e solicitar que colocasse o seu nome (de caneta, diga-se de passagem) o que foi feito;
Se você se identifica com a minha causa, fico feliz em saber que não sou o único, sei que o mercado é seletivo, e que os melhores lugares estão disponíveis apenas para os melhores profissionais. Porém, fico bastante preocupado com a educação quando penso que esses alunos "escorões" serão também futuros pedagogos que poderão estar educando crianças em todas as partes do nosso país. Deixo ainda um recado aos professores das faculdades de educação de todo o Brasil:
- Pedagogia não é demagogia, parem de fingir que não estão vendo e tenham a coragem de cobrar e até reprovar alunos sem compromisso e sem vergonha na cara, a educação agradece.

domingo, agosto 17, 2008

EDUCAÇÃO INTEGRAL: UMA PERSPECTIVA POSSÍVEL PARA A ESCOLA PÚBLICA BRASILEIRA?

RESUMO: A Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira já previa no ano de 1996 em seu Artigo 87 parágrafo 5º, que seriam conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral. Passados mais de dez anos da promulgação da Lei 9394/96 apenas algumas poucas ações foram realizadas na direção da efetivação da escola integral como uma perspectiva possível para a escola pública brasileira. O próprio conceito de Educação Integral utilizado na LDB difere daquele que atende aos anseios de educadores e teóricos para vir a ser implantado na educação brasileira com êxito. As fundamentais contribuições de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro possibilitaram a fixação da idéia de educação integral no Brasil, a ponto de termos hoje algumas experiências de sucesso em vários estados de nosso país.
Palavras-chave: Educação integral. Escola pública brasileira. LDB. Projeto pedagógico. Atividades.


ABSTRACT: The Law of Guidelines and basis of Brazilian education already provided in 1996 in its Article 87 paragraph 5, which would be combined all efforts aiming at the development of networks of urban public school education key to the system of full-time schools. After more than ten years of the enactment of Law 9394/96 only a few actions were taken toward making the school a full perspective as possible for the Brazilian public school. The very concept of Integral Education differs from that used in the LDB that meets the aspirations of educators and theorists to be deployed in Brazilian education successfully. The fundamental contributions of Anísio Teixeira and Darcy Ribeiro allowed to fix the entire idea of education in Brazil, to the point today of having some experience of success in various states of our country.
Key words: Education Full. Brazilian public school. LDB. Project Pedagogical. Activities


INTRODUÇÃO

O presente estudo busca analisar as possibilidades de implantação do regime de Educação Integral nas escolas públicas brasileiras, considerando as perspectivas de melhorias da qualidade do sistema educacional que o citado regime pode trazer para o quadro atual da educação em nosso país. Entretanto, para apresentarmos o tema com propriedade, faz-se necessário explicitarmos o conceito de Educação Integral a ser considerado.
Educação em tempo Integral, termo bastante difundido nos dias atuais, refere-se basicamente à idéia de uma educação sendo oferecida em um período maior de tempo que as quatro horas atualmente ofertadas pela grande maioria das instituições escolares de nosso país, contudo, a palavra integral no termo educação integral, tem uma dupla função dentro do conceito, que seria não só a de definir o período maior de permanência do aluno no ambiente escolar, mas também definir a formação do aluno de uma forma integral, completa, total. Aliado a esse conceito consideraremos também o conceito de Educação Cidadã, defendido por Paulo Freire, que seria justamente a formação do aluno na condição de cidadão, ou seja, quebrar o paradigma da escola que ensina apenas o conteúdo de sua grade curricular, procurando, utilizando-se desse tempo adicional concedido pela prática da Educação Integral, formar o cidadão, cunhado em uma assimilação das práticas sociais consideradas corretas do ponto de vista moral e ético da sociedade, através da convivência harmoniosa e enriquecedora com os seus pares, guiado por uma proposta pedagógica bem elaborada e eficaz que possibilite aos mesmos uma diversidade de atividades e possibilidades de oportunidades que eles não têm asseguradas no regime atual de ensino nem em outra instituição pública diferente da escola.
O desenvolvimento do trabalho se dá inicialmente com uma pesquisa bibliográfica onde é feito o estudo histórico das origens da idéia de Educação Integral no mundo e no Brasil, enfatizando os escritos de educadores nacionais que vislumbraram a possibilidade de implantação desse sistema educacional em nosso país e defenderam que esta seria a melhor maneira de formar o aluno dentro de uma concepção de completude diante das regras do sistema social vigente.
Procuraremos assim possibilitar uma reflexão sobre o tema proposto. Como já explícito anteriormente, enfocaremos uma discussão em torno da prática da Educação Integral, buscando contextualizá-la desde seu surgimento até os dias atuais tentando relacionar a teoria para sua implantação e a sua vigência nas escolas que optaram por este regime.
Apontaremos motivos que nos levam a acreditar no sucesso destas escolas e na importância de sua expansão. Analisaremos também os fatores que podem contribuir e os que podem dificultar este processo. Criar uma escola de tempo integral não significa manter os alunos por dois períodos enclausurados em sala de aula tendo acesso apenas a conteúdos didáticos. Ela deve ser pautada em uma proposta multi e interdisciplinar que ofereça ao indivíduo condições necessárias para seu completo desenvolvimento.
Em seu projeto devem ser incluídas atividades diversificadas e dirigidas realizadas em outros tipos de espaços de aprendizagem além do ensino em sala de aula. Visam o aprimoramento intelectual e cultural destes alunos sendo benéficas também ao corpo e à saúde trabalhando seus aspectos motor, afetivo e cognitivo. Este trabalho procurará garantir aos beneficiados uma construção de aprendizado muito mais ampla onde o tempo poderá ser bem aproveitado para estudar de forma lúdica e prazerosa.
O tempo extra-escolar antes livre, sem nenhum tipo de orientação, será diminuído e muitas serão as crianças poupadas de seguirem um caminho não desejado pelos familiares e pela sociedade.
Os pais que exercem atividades profissionais fora de casa, contarão com a certeza de que seus filhos estarão sendo bem cuidados e bem encaminhados no transcorrer de sua vida escolar.
Dessa forma, nosso estudo procura contribuir para a ampla discussão do tema, em busca de possibilidades de soluções, através da educação, para a situação social deteriorada que se apresenta como horizonte para nossos jovens, sobretudo os que possuem famílias menos estruturadas.

METODOLOGIA

Utilizamos como princípio metodológico para a elaboração deste artigo a pesquisa do tipo bibliográfica por se constituir em um procedimento básico para estudos monográficos. Pode ser realizada independentemente da pesquisa de campo e neste sentido visa a abordagem de um tema a partir de referências teóricas buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas existentes sobre o mesmo. Por tema, Asti Vera (1976: 97) afirma: “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar em seguida seu exame, avaliação crítica e solução”. Segundo Cervo e Bervian (1976) a pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados e o recurso é a consulta aos documentos bibliográficos. A coleta dos dados pode ser feita, desta forma, como exemplificam Marconi e Lakatos a partir de três variáveis: fontes escritas ou não, fontes primárias ou secundarias, contemporâneas ou retrospectivas. Para as referidas autoras a pesquisa bibliográfica de fontes secundárias abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, monografias, etc até meios de comunicação orais como rádio, tv, filmes. A finalidade é permitir ao pesquisador contato direto com quase todo material existente sobre o assunto pesquisado. Neste sentido, Manzo (1971: 32) diz que “uma pesquisa bibliográfica pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”. Não se pretende, portanto, com a pesquisa bibliográfica uma mera repetição do que já existe sobre o tema mas uma nova reflexão, com um novo enfoque e uma nova abordagem que permitam a delimitação de conclusões inovadoras.

REFERENCIAL TEÓRICO

A idéia recente de Educação Integral desenvolveu-se a partir do movimento escolanovista baseado na corrente filosófica pragmatista, cujo maior autor foi John Dewey. O movimento da Escola Nova ocorrido no início do século XX procurava identificar a nova face que a escola urbana deveria apresentar para ajustar-se às necessidades das massas populacionais concentradas devido ao crescente processo de industrialização mundial. Essas idéias levaram à idealização de uma escola que tivesse o foco não só na transmissão dos conhecimentos didáticos, mas sobretudo na formação do indivíduo como ser completo, proporcionando ao mesmo, melhores condições de se inserir no contexto social de sua época. No mundo inteiro, a concepção de Educação Integral conseguiu influenciar na criação de instituições adeptas deste sistema, que já pelos nomes que adotaram, procuram enfatizar a razão precípua de sua existência, dentre elas , podemos destacar: a “escola universitária” nos Estados Unidos; as “casas das crianças” na Itália; as “escolas de vida completa” na Inglaterra; as “comunidades escolares livres” e os “lares de educação no campo” na Alemanha; a “casa dos pequenos” na Suíça; a “escola para a vida” na Bélgica, além da experiência bem-sucedida ocorrida em Cuba, onde se combinam estudo e trabalho, não separação entre trabalho manual e trabalho intelectual, teoria e prática. Estimula-se o regime de semi-internato, principalmente no campo.
No Brasil, a educação se impôs como uma condição necessária ao desenvolvimento junto com a república. Em 1932 foi publicado o manifesto dos pioneiros da Educação Nova que conseguiu a inclusão de um artigo específico sobre a educação na Constituição Brasileira de 1934. O primeiro plano nacional de educação surgiu em 1962 já na vigência da primeira Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional.
A educação integral, especificamente, surgiu no meio de práticas anarquistas e integralistas decorrentes das décadas de 1920 e 1930. O anarquismo no Brasil ganhou força com a imigração de trabalhadores europeus nos fins do século XIX e início do século XX e derivou-se principalmente da literatura e experiências socialistas européias. Expandiu-se entre o operariado. Neste mesmo período, escolas modernas foram abertas em várias cidades brasileiras ao mesmo tempo em que o movimento da Escola Nova desenvolvia-se no país.
Este ideal foi pensado principalmente pelo educador Anísio Teixeira que elaborou seus princípios conceituais e práticos e pelo antropólogo e político Darcy Ribeiro, que implementou o projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP´s) no Rio de Janeiro, os quais, além de atender as necessidades mais básicas das crianças, oferecia também cuidados maternos e de moradia.
Anísio Teixeira deu uma importante contribuição para a educação brasileira marcando-a entre os anos de 1920 e 1960. Pensou sobre uma concepção de educação, de homem, de sociedade e de conhecimentos vinculando-se assim a área da Filosofia da Educação. Consciente da necessidade de se mudar a Escola Nacional foi um integrante do movimento educacional renovador brasileiro espelhado no escolanovismo difundido na Europa e EUA. Os participantes do movimento da Escola Nova desejavam a igualdade entre os homens e o direito de todos à educação através de um sistema público de ensino além da ruptura com os padrões tradicionais e a integração do indivíduo à sociedade tornando-o capaz de questioná-la e dela participar como um cidadão democrático, consciente e autônomo para resolver seus próprios problemas.
Anísio caracterizou-se por um humanismo tecnológico defendendo a democracia e a ciência. Foi influenciado principalmente pelos ideais de John Dewey e de Durkheim. Acredita que a escola deve educar e não instruir apenas, formar homens livres e não homens dóceis, preparar o indivíduo para um futuro incerto vivendo com mais inteligência, tolerância e felicidade. Deve ser um local onde as crianças possam viver, tendo bons exemplos para construir atitudes aceitáveis e senso crítico. Afirmava: “ o homem educado é aquele que sabe ir e vir com segurança, pensar com clareza, querer com firmeza e agir com tenacidade”.
Ao defender uma escola democrática vê na confiança mútua entre professor e aluno uma característica essencial para o bom desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
Anísio Teixeira foi o pioneiro na implantação de escolas públicas no país e defendeu o ideal da escola de tempo integral como fator primordial para reconstrução da educação. Segundo ele, a escola pública deveria ser garantida a todos os cidadãos até a universidade.
Em 1950 fundou em Salvador a Escola Parque, uma tentativa de implantação do modelo por ele defendido que serviu de exemplo para outras instituições integrais posteriores, como os CIEP´s. Estes centros integrados de educação pública, foram idealizados por Darcy Ribeiro para funcionarem em horário integral como centros culturais dinâmicos e civilizatórios buscando atender à população de baixa renda.
Darcy Ribeiro, etnólogo, antropólogo, professor, educador, ensaísta e romancista, aliou-se a Anísio Teixeira, de quem se considerava discípulo, na defesa da escola pública gratuita e de qualidade. Acredita que a educação é o melhor meio para se atingir a transformação social. Preocupou-se com os índios e com a educação primária. Para o ensino médio criou um novo padrão de escola oferecido por ginásios públicos. Para a educação superior defendeu a “universidade necessária” e não esquecendo-se dos professores, idealizou o ISE´s, Institutos Superiores de Educação, voltados para formação deste profissional. Tendo participado também do movimento da Escola Nova, via na escola de tempo integral um meio destinado à instrução, orientação artística, desenvolvimento de ciências, assistência médica, odontológica, alimentares e de práticas diárias orientadas.

O QUADRO ATUAL

Embora o projeto de Darcy Ribeiro não tenha sido concluído e o processo não tenha obtido a relevância das intenções políticas, para a sua devida continuidade e funcionamento, verificamos hoje uma tendência em resgatar estes ideais trazendo-os para a prática das escolas públicas. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê um progressivo aumento na jornada escolar para o regime de tempo integral (art. 34 e 87).
A educação integral, construída dentro de um tempo ampliado e organizado para atender a todas as necessidades da criança, será desenvolvida a partir da tomada de consciência da importância de se articular uma parceria entre o estado e a sociedade civil na busca por uma escola pública de qualidade formadora de cidadãos preparados para a vida. A articulação da escola com ONG´s (com propósitos sérios) tem sido também bastante positiva, visto que, estas dão importância aos valores culturais e buscam o desenvolvimento integral dos indivíduos envolvidos neste processo. A família e a comunidade são outros elementos fundamentais para a integração do aluno com o meio, de maneira global e satisfatória. Tenta-se atender necessidades sociais dentro da escola. Deve ser regida por um projeto pedagógico rico em atividades que permitam o desenvolvimento da autonomia individual trabalhando as múltiplas dimensões envolvidas. Faz-se necessário para sua execução um quadro qualificado de profissionais em constante capacitação que necessitará de um salário condizente com a relevância de sua atividade e de uma otimização das condições de trabalho como fatores estimulantes.
Temos consciência da importância da educação para o desenvolvimento de um país. E é neste contexto que defendemos a implantação e ampliação de escolas de tempo integral. O processo não é fácil e exigirá mudanças radicais no contexto sócio-político-econômico atual. No entanto, é possível, principalmente quando houver a conscientização de que somente uma escola de qualidade, formadora de cidadãos garantirá o progresso da nação. Na prática, constatamos ser ainda longínquo o acesso igualitário para todos à educação pública. Além dos poucos investimentos e da carência de estruturas físicas adequadas para atender às crianças, alguns críticos acreditam não ser papel da escola a ampliação de atividades dirigidas para o aprendizado e que o estado se desvincularia de sua responsabilidade caso houvesse apoio de investimentos privados. No entanto, sabemos que a qualidade só será alcançada com o aumento de investimentos afim de que estas instituições tornem-se modelos para que possam atender satisfatoriamente a todos que dela necessitam.
Atualmente algumas escolas têm conseguido realizar o ideal da educação integral. Oferecem aos alunos um ensino contestador voltado muito mais para a transformação social do que para a simples transmissão cultural. Alguns exemplos de Escola Integral são encontrados na rede pública do Brasil nos estados do Rio Grande do Sul (cerca de 19 municípios, segundo dados do ano de 2004), Santa Catarina (adotado o projeto “Escola Pública Integrada (EPI)” em 128 escolas da rede pública), Paraná (Municípios de Cascavel, Apucarana e Pato Branco), São Paulo (Cidade de Americana), Minas Gerais (em 10 escolas da região metropolitana de Belo Horizonte), Rio de Janeiro (Municípios de Araruama, Mesquita e Nova Iguaçu), Bahia (Salvador), Pernambuco (adotaram o regime de horário integral na região metropolitana do Recife as seguintes escolas: Alto da Guabiraba, Lojistas do Recife, Professor João Batista Lippo Neto, Mércia Albuquerque Ferreira e Escola Municipal Monteiro Lobato, que conta com o apoio das prefeituras do recife e de Olinda para atender aos 466 alunos, oferecendo-lhes 03 refeições, aulas do currículo tradicional, língua estrangeira, artes e informática), Rio Grande do Norte (Município de Canguaretama que possui duas escolas de tempo integral, os alunos contam com o acompanhamento profissional e aulas de dança, música, artes e aulas de reforço), Maranhão ( São atendidos 10 mil alunos em 50 escolas de São Luís e 26 no interior), Tocantins (Palmas), Amazonas (Manaus) e Acre (Rio Branco).

CONCLUSÃO

De acordo com dados oficiais, no ano de 2008 o Governo Federal anunciou um investimento da ordem de 60 milhões de reais através do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) com o Programa Mais Educação, que ampliará as atividades em cerca de duas mil escolas do ensino fundamental em 47 diferentes cidades, o que irá beneficiar aproximadamente 1 milhão e 400 mil alunos que deverão ter diariamente atividades fora do horário regular de aulas. As escolas foram escolhidas entre aquelas em que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação) está abaixo de 2,0, quando a média nacional é de 3,8. Paralelamente a esta ação, serão abertas oportunidades para os estudantes através da parceria do MEC com outros cinco órgãos (os Ministérios da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e Desenvolvimento Social, da Cultura, dos Esportes e a Secretaria Especial da Juventude). As oportunidades deverão ser localizadas nas áreas do conhecimento humano e do desenvolvimento social, sendo elas sempre oferecidas no horário complementar ao horário das atividades escolares curriculares.
O MEC, através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), responsável por coordenar o programa, realizou uma preparação dos gestores das 47 cidades a fim de mobilizar os municípios e retirar dúvidas dos gestores escolares acerca do programa, que pretende oferecer além de aulas de reforço escolar com atendimento individualizado, atividades nas áreas de informática, esportes, teatro, música e arte, tudo isto articulado com o projeto pedagógico das escolas, visando estimular a motivação dos alunos, buscado reflexos na melhoria da aprendizagem e criando o espaço inicial para a educação integral e cidadã.
Além desta ação, o Governo Federal pretende priorizar os estudantes em programas de mais seis ministérios e da Secretaria Nacional da Juventude, como o Programa 2º Tempo do Ministério dos Esportes e o Projeto de Inclusão Digital do Ministério da Ciência e Tecnologia e em Oficinas de arte e música do Ministério da Cultura.
Consciente da vulnerabilidade social a que estão submetidas as crianças e os jovens de tais comunidades, o governo já aponta na direção de introduzir a educação integral como forma de ocupar tempo e mente ociosos, buscando inserir nossos estudantes em uma perspectiva de formação cidadã que possibilite uma ascensão social futura e uma possível melhoria do quadro atualmente vigente em comunidades pobres de nossa sociedade.
Reconhece-se assim uma crescente demanda da sociedade atual, onde as classes mais abastadas têm tentado dar conta da formação integral dos seus filhos, através de aulas complementares e atividades diversas nas mais diferentes áreas, tais como arte, esporte e cultura, quando não já têm inserido na própria escola particular a completude destas ofertas, buscam assim os pais fornecerem a seus filhos uma atenção que a correria da vida moderna os impede de prover. Porém, os alunos das escolas públicas em sua maioria só podem contar com essas oportunidades através da efetivação do regime de educação integral ou a partir de esmolas dadas por Organizações Não Governamentais ou instituições filantrópicas criadas por empresas no intuito específico de reduzir despesas através de restituição do imposto de renda, quando na realidade cabe às diferentes esferas do Governo prover condições para um desenvolvimento completo de nossos jovens conforme solicita a configuração atual de nossa sociedade.
Acreditando no pressuposto de que, só através da educação poderemos mudar as mazelas do quadro social atual, que apresenta sérios distúrbios no que se refere, sobretudo, às atitudes de membros da sociedade que não respeitam as regras impostas para a convivência em grupo, ultrapassando o limite dos direitos alheios, procuramos realizar um levantamento da efetiva situação das instituições escolares que trabalham em regime integral, buscando vislumbrar o crescimento social dos alunos beneficiados por esta prática, alicerçados pelo conceito de educação cidadã, que se difundiu sobremaneira nos últimos anos, procurando refletir um clamor da sociedade constituída em busca de uma formação educacional que leve o aluno a uma organização moral que o conduza ao convívio social amplo, através de um harmonioso desempenho dos diversos papéis sociais que serão postos para ele ao longo da sua vida.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BRASIL, LDB nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996.

BRIZA, Lucita. Anísio Teixeira: o defensor da escola pública na teoria e na prática. Nova Escola.

CAVALIERE, Ana Maria Villela. Educação Integral: uma nova identidade para a escola brasileira?

CERVO, Amado Luiz. Metodologia Científica, 5. ed. Amado Luiz Cervo, Pedro Alcino Bervian. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.

COELHO, Lígia Martha Coimbra da Costa. Escola Pública de Horário Integral: um tempo (fundamental) para o ensino fundamental.

DEWEY, John. Experiência e Educação. São Paulo: Nacional, 3ª ed., 1979.

Educação Pública em Tempo Integral. Revista Cidades do Brasil, edição 02, 2006.

GUARÁ, Isa Maria F. Rosa. Educação Integral: articulação de projetos e espaços de aprendizagem.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 6. ed. Marina Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. São Paulo: Atlas, 2007

RIBEIRO, Darcy. Nossa Escola não é uma Calamidade. Rio de Janeiro: Salamandra, 1984.


TEIXEIRA, Anísio. Educação não é Privilégio. São Paulo: Nacional, 4ª ed., 1977.


sábado, agosto 09, 2008

PEDAGOGIA DO GOL

Motivados pelos astronômicos salários pagos a alguns jogadores de futebol, diversos pais vêm incentivando seus filhos a tentarem uma carreira futebolística, utilizando-se para os primeiros passos da garotada de uma dentre as milhares de escolinhas de futebol espalhadas pelo nosso país, muitas delas conduzidas por pessoas sem formação alguma que lhes dê suporte para trabalhar com crianças nem com educação, sim, falo de educação, pois é notório que uma escolinha de futebol, ou de qualquer outro esporte deve se constituir em um espaço de aprendizagem, de desenvolvimento também cognitivo, não só de habilidades físicas, até porque, as habilidades físicas não se desenvolvem sem o necessário desenvolvimento intelectual proporcional. Entretanto, a condução de tais escolinhas por pessoas qe se auto denominam "professores" pode funcionar para os pais como um tiro saindo pela culatra, ou seja, ao invés de preparar seus filhos para uma iniciação à prática futebolística, eles estarão levando-os a pessoas que lhes passarão várias mazelas associadas à disputa, por exemplo as tensões, as ansiedades que muitos destes professores carregam são passadas aos garotos (e garotas também, cada vez mais), eu mesmo tive o desprazer de ver um ex-atleta profissional, no comando de uma equipe de garotos na faixa etária compreendida entre 10 e 12 anos, jogar ao chão uma prancheta, em sinal de puro descontrole, após seu time perder uma disputa por pênaltis, detalhe, o último pênalti foi perdido pelo filho do próprio treinador, de aproximadamente 10 anos. Agora vejamos, se a instituição escolinha é feita para que os alunos aprendam, e perder faz parte do jogo, não deveria o citado "professor" procurar passar confiança ao garoto, ainda mais tratando-se de seu filho, confortando-o pelo erro e incentivando-o a buscar uma lição daquele momento e passar a treinar mais para acertar na próxima oportunidade? não deveria o professor fazer o papel do adulto nesta situação, servindo como um ponto de apoio moral para a criançada? criança tem que ser criança, tem que aprender sim, mas tem que brincar, tem que se divertir, até mesmo os jogadores profissionais têm seus momentos de descontração, com recreativos e rachões. Essas ansiedades e angústias ficam muito evidentes quando vêmos durante simples peladas, crianças de até 08 anos colocando as mãos na cabeça após perder um gol, na discussão gerada entre as crianças quando algum deles comete um erro qualquer por mais simples que seja. Imaginemos então a evolução dessas mazelas durante mais 10 ou 12 anos, quanta aflição estará contida nos corações destes jovens, até porque, muitos deles sofrem também pressões dos próprios pais, que visam proprocionar a seus filhos a oportunidade de ficar rico em pouco tempo de carreira, além da fama adjacente, como se não bastasse aos garotos, a título de incentivo, apenas o glamour apresentado pela nossa mídia em torno do futebol profissional. É lamentável acompanhar o treino da garotada quando aparece um desses pais que pressionam os filhos (para não usar um adjetivo mais forte), são gritos de várias formas, não em forma de estímulo, mas sim em forma de cobrança, de denegrir a figura do adversário, de reclamar com a arbitragem, muitos destes pais passam a nítida impressão de que nunca jogaram bola na vida, ou seja, eram péssimos nessa prática, mas exigem de seus filhos que eles sejam os melhores, que sejam os próximos Ronaldos ou Romários, incentivam até os garotos a machucarem os adversários, a usarem práticas pouco éticas, como simular faltas ou tentar ganhar no grito um lateral ou escanteio. Não quero aqui desconsiderar toda essa prática que realmente existe no futebol, mas condeno veementemente os excessos, a falta de ética, e o pior, a transmissão desta falta de ética, dessa ilicitude, aos mais jovens, até porque, senhores pais, tudo aquilo que ensinarem de errado a seus filhos será assimilado por eles, podem ter certeza, só que, eles utilizarão sem dúvida alguma essas "malandragens" na vida de uma forma geral, ou seja, essa desonestidade poderá ser facilmente percebida na escola, em casa, e futuramente no trabalho, e um dia os senhores poderão ver seus filhos em maus lençóis e farão a si mesmos a tradicional pergunta, "onde foi que eu errei?".
Retornando aos "professores", podemos constatar que muitos deles são ex-atletas profissionais, e tratam as crianças da mesma forma como eram tratados por seus treinadores, sem conseguir fazer a distinção entre adulto e criança, nem entre profissional e escolinha. Quero no entanto, fazer uma ressalva, isto não acontece de modo generalizado, já encontrei alguns ex-atletas que trabalham muito bem com a molecada, por conta disto, deixo esse alerta a pais e responsáveis, cuidado ao inserir uma criança em uma escolinha de futebol, certifique-se de que realmente trata-se de uma escolinha, ou seja, de um local de aprendizagem, pois do contrário os senhores correm o risco de estarem dando um tiro no próprio pé e que vai atingir também o seu filho, e em cheio.




quarta-feira, julho 30, 2008

O Direito e o direito

Possivelmente o curso de Direito seja hoje, dentre todos os cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior do Brasil, aquele que mais atrai a atenção e a cobiça de nossos jovens postulantes a uma vaga universitária. Altos salários, possibilidade de alcançar uma carreira na magistratura e todo o fascínio que a atividade jurídica exerce sobre as pessoas são alguns dos fatores que levam a altos índices de concorrência nos mais diversos vestibulares espalhados pelo país, bem como à multiplicação das vagas em cursos oferecidos por inúmeras instituições particulares de ensino superior.
Certamente que é encantadora a carreira jurídica, porém, o que efetivamente me incomoda dentro deste contexto são as demonstrações quase que diárias de total falta de compromisso com a verdade que apresentam alguns “profissionais” do Direito. Quem não viu, por exemplo, a ridícula e deprimente cena proporcionada por um jovem advogado do casal Nardoni, quando apareceu em todas as emissoras de tv interpretando a fala da pobre menina Isabella (pára, papai, pára....), buscando defender o indefensável, em um desespero quase que patético. Diariamente podemos ver poderosos advogados criminalistas acompanhando seus igualmente poderosos clientes corruptos usurpadores do dinheiro alheio, em ações de apreensão da gloriosa Polícia Federal, aliás, aí está uma possibilidade de aplicação do diploma do curso de Direito em uma situação benéfica à sociedade, como delegado da Polícia Federal.
Preocupa-me então o que pensam nossos futuros advogados, nossos jovens universitários que vêem esses nefastos exemplos de desrespeito aos valores e à inteligência alheia, sim, pois alguns chegam a gozar da pouca inteligência da opinião pública, afirmando que seus inocentes clientes nada fizeram senão aquilo que reza as regras do direito, embora as incontestes provas teimem em enfatizar o contrário. Gostaria de saber o que sente um dos senhores advogados após libertar um criminoso notadamente culpado graças a brechas deixadas em nossa legislação sabe-se lá com que intenções. Respondam-me senhores advogados poderosos, como se sentem ao libertar um miserável que estuprou uma criança? Como conseguem os senhores olhar para suas filhas? Como encaram sua família após aparecer em um noticiário defendendo um corrupto que desviou milhões de dinheiro público para bem próprio? Como se sente sabendo que seus honorários serão pagos com o dinheiro que deveria servir para matar a fome de crianças em creches e pré-escolas, para comprar ambulâncias, para contratar médicos? Pergunto eu, não seriam os senhores cúmplices daqueles uma vez que estão tornando perfeito os crimes cometidos por eles, fato que sem a valorosa ajuda dos senhores não seria possível? E mais senhores, que valores estão os senhores transmitindo a seus filhos? De que por dinheiro tudo vale à pena? Sinceramente, tenho nojo de tanta hipocrisia, seus milhões não me servem, não compram a tranquilidade de dormir de bem com a minha consciência, de olhar para a minha filha e saber que minha honestidade jamais me possibilitaria ajudar a inocentar alguém que se passe para fazer mal a uma criança por mais que isso possa parecer rentável financeiramente. Apelo aos jovens alunos dos cursos de Direito, nossos futuros advogados, promotores e juízes, para que possam refletir e pautar suas formações em valores éticos e dignos, para que possam exercer com maestria suas futuras profissões apontando sempre seus esforços na direção do bem social, da proteção dos menos favorecidos e da fé em Deus, cuja justiça, essa sim, é infalível e para todos.

terça-feira, maio 27, 2008

MORRE UM BALUARTE DA ÉTICA NA POLÍTICA


Em uma época como a atual, em que estamos cansados de ver veicular em nossos meios de comunicação dezenas e dezenas de casos de corrupção dentro de nossa classe política, temos a infeliz notícia do falecimento de um político que se transformou em uma referência de ética e honestidade no Senado Federal.
A vida do Senador amazonense Jéfferson Peres dispensa a apresentação de maiores detalhes acerca da sua condição de baluarte dos preceitos morais dentro de uma casa que vem sofrendo repetidamente com denúncias de casos nefastos que só levam o cidadão comum a uma perda das referências de honestidade para aplicação na sua vida diária. Seu jeito firme e sisudo traduzia aquilo que o povo espera sempre de um político sério, a atitude consistente alicerçada por um conhecimento de causa que lhe dava o poder de retrucar atos direcionados contra os interesses dos menos favorecidos e da soberania nacional , além de constituir-se em um ativo combatente da corrupção e defensor da honra e do respeito na Casa de Rui Barbosa.
De minha parte lamento o fato de que não mais poderei acompanhá-lo através da TV Senado defendendo causas de extrema relevância para o povo brasileiro, e que outros como ele são, infelizmente, raridade na classe política brasileira. Torço então que seu legado seja uma fonte de inspiração para os novos políticos, para pessoas sérias e comprometidas com o futuro da nossa nação e com a manutenção da lei e da ordem aliadas a uma perspectiva de melhorias na vida social do povo brasileiro.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

DÍVIDA EXTERNA, LIXEIRAS E TAPIOCAS

Segundo informe recente do Banco Central do Brasil, nossas reservas internacionais acabam de ultrapassar o valor correspondente à nossa dívida externa. O mais interessante é que esse anúncio se dá em meio a uma crise política gerada pela farra proporcionada pelo uso irresponsável e criminoso dos Cartões Corporativos do Governo Federal e também de alguns Estados. Imaginemos nós se não contássemos com um exército de calhordas ladrões do dinheiro público, aproveitadores inveterados do alheio. Nosso país seria então um paraíso, teríamos condições de contar com tudo aquilo que realmente o Governo tem obrigação de fornecer ao cidadão, ítens básicos como educação de qualidade, segurança, transporte, habitação, lazer, saúde e saneamento. Ao contrário disto, vemos todos os dias em nossos noticiários denúncias e mais denúncias de um povo sofrido que pede o mínimo de condições para viver com dignidade, idosos que têm usurpado pelo "sistema" seus direitos a uma aposentadoria digna, crianças andando léguas até chegar a uma escola em condições precárias com professores mal remunerados e despreparados diante das constantes mudanças sociais e comportamentais pelas quais passam nossos jovens, ônibus abarrotados de gente para garantir o lucro fácil do empresariado, comunidades inteiras com esgoto correndo a céu aberto, gerando doenças que não curam pois não temos um sistema de saúde preparado para atender à sempre crescente demanda de pacientes, sem falar nas cenas gritantes de violência registradas nas grandes cidades, que expõem crianças, mulheres, idosos e trabalhadores em geral a um iminente risco de vida por conta única e exclusiva da omissão por parte daqueles que integram o poder público. É triste vermos que, enquanto existem famílias cuja renda mensal não chega aos cem reais, uma lixeira comprada com o dinheiro público pode chegar facilmente aos mil reais, valor que garantiria a renda da família citada por praticamente um ano inteiro. O descaramento é tão grande que nossos políticos não se constrangem em comprar uma tapioca com o dinheiro público ou mesmo fazer compras em lojas de conveniência, mesmo sabendo que a lei obriga a divulgação das despesas efetuadas com tais cartões. Lembremos então que 2008 é um ano eleitoral, que em outubro estaremos escolhendo nossos representantes municipais e o governante de nossa cidade, guardemos então toda nossa revolta para nos livrarmos daqueles que simplesmente querem de nós um voto a cada quatro anos, trabalhando exclusivamente para alimentar a sua ganância individual no sentido de ficar cada vez mais rico e poderoso, em detrimento de um povo sofrido, honesto e trabalhador.
  • Assine meu Livro
  • Site de busca
  • Comprar