domingo, outubro 14, 2007

UM JEITO “LAEDA” DE SER



Quando falamos em qualidade na educação, ou educação de qualidade, normalmente nosso pensamento nos remete prioritariamente para questões como: melhoria das estruturas físicas das escolas, aumento das remunerações dos professores, apoio financeiro dos governos, boa aparelhagem das escolas, entre outros. Entretanto, embora constituam fatores importantes, nada disto irá resolver o problema da falta de qualidade nas escolas se não tivermos presente um requisito fundamental no processo de ensino/aprendizagem, um elemento não palpável, mas que é de extrema importância na diferenciação entre o que é bom e o que é ruim em termos de educação, esse elemento é a “determinação do professor”, isso mesmo, a vontade do docente de fazer a diferença. Sabemos que problemas como os supracitados sempre existiram e existirão na educação pública brasileira, e mesmo nas grandes instituições de ensino particulares, problemas diversos existem, como por exemplo, a pressão sofrida pelo professor que é, em alguns casos, praticamente obrigado a aprovar um mal aluno que paga em dia uma significativa quantia a título de mensalidade. Sabemos que mesmo resolvidos alguns problemas aparentes, sempre existirão ou surgirão outros para envolver a prática docente, mas a determinação de alguns professores serve não só de exemplo, mas também de estímulo para que possamos seguir acreditando na mudança do quadro educacional de nosso país.
Quando penso em qualidade na educação, vejo como relevante destaque a atuação da professora Laeda Bezerra Machado, do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco. A determinação apresentada por esta excelente mestra é digna de louvação por parte daqueles que acreditam que uma educação de qualidade pode levar o Brasil às mudanças e transformações que tanto almeja a nossa população. A procura pela melhoria da qualidade na produção de seus alunos, a valorização dos detalhes, a consciência de buscar a melhor maneira de desenvolver o processo em cada uma das suas diferentes turmas, entre outros atributos, fazem desta professora uma profissional diferenciada entre seus pares e admirada pelos alunos que pactuam de sua visão de educação, como diriam os antigos, uma profissional “de mão cheia”, uma professora que enfrenta até a resistência do aluno menos interessado em querer aprender, quando, entendo eu, a iniciativa deveria partir dele mesmo. Como costumo dizer, na relação professor/aluno, é sempre muito presente a máxima do: “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”, mas com a professora Laeda não, com ela podemos considerar o: “faça o que eu digo e faça o que eu faço”. Enfim, mais que um exemplo, uma esperança, um estímulo, parabéns professora Laeda, e todas as outras e outros professores que não se escondem por trás das dificuldades do processo, que enfrentam a vida de educador com prazer e determinação, na busca de fazer o melhor pela educação, pelos seus alunos e pela sua nação.

sexta-feira, outubro 12, 2007

ELA É DEMAIS!

Quando ingressei no curso de Pedagogia da UFPE, logo na primeira aula, o professor iniciou perguntando a cada um dos alunos: - "qual o motivo da escolha por Pedagogia?" ; lembro que a maioria das respostas era movida puramente por ideologia, como por exemplo: - Acho que posso fazer alguma coisa para melhorar a situação da educação no Brasil....; ou - quero ajudar a mudar a cara da educação pública no Brasil...; etc. Naquele momento eu me coloquei a pensar: - onde se perde a ideologia? em que ponto da trajetória dos profissionais da educação morrem os sonhos? a dura realidade diária aniquila todas as expectativas de trabalhar em busca da qualidade total?
Desde então, passei a analisar as características dos professores que passavam pela minha turma, e às vezes questionava se eles um dia já não deram respostas iguais às que eu ouvi. No entanto, entre a teoria e a prática, existe uma distância muito grande, e eu não identificava em nenhum daqueles professores características que me levassem a vê-los como ex-jovens alunos sonhadores. A regra do: "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço", é muito presente na relação professor/aluno. Então, como pode um professor ensinar um aluno a ser bom professor se ele mesmo não é? Bem, na verdade não é sobre isso que quero falar, minha intenção é falar da exceção que comprova a regra, falar de uma professora que poderia ter como lema: "faça o que eu digo, e faça o que eu faço". Consegui finalmente encontrar uma daquelas jovens alunas sonhadoras que, mesmo depois de se estabelecer profissionalmente, continua firme no propósito de dedicar-se inteiramente à busca da qualidade total na educação. É inacreditável como ela parece se alimentar de cada resposta correta dos alunos, como ela consegue transformar a decepção de uma resposta incorreta em um estímulo para tentar mais uma vez, como é possível sentir prazer nos seus olhos e nas suas atitudes em plena segunda-feira às 08:00 Hs. Buscar mesmo aqueles alunos que já parecem longe do ritmo da maioria, e mais que isso, fazer com que o aluno sinta prazer em estar dentro de uma sala de aula em pleno sábado de sol com cara de feriado, são tarefas que só podem ser cumpridas se forem alimentadas com o estímulo do exemplo, não adianta falar uma coisa e fazer o contrário, é necessário estabelecer uma relação com o aluno que faça com que ele sinta vergonha de não corresponder às expectativas do professor, fazer com que ele se doe totalmente na confecção de uma tarefa sem buscar unicamente a recompensa da nota, mas sim buscando mostrar à sua professora que todo o esforço dela não foi em vão. Pessoas assim fazem com que possamos acreditar na força do trabalho, na conquista dos nossos objetivos, na vitória através da dedicação, e na transformação do mundo por meio da educação.
Este texto é humildemente dedicado à Professora Ana Márcia Luna Monteiro, do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais, do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco.
  • Assine meu Livro
  • Site de busca
  • Comprar